Pois é. Fizeram o que pra muita gente pode parecer absurdo, mas que faz todo sentido, como está bem explicado aqui. Sabe aquela piada que a gente faz dizendo que, pra estudar em certos lugares, é só deixar o CPF cair na porta, que já vão te matriculando? É mais fácil mandar uma aluna embora, do que encher o saco dos outros "clientes". Choca especialmente, no anúncio publicado, quando dizem que a reação foi uma "defesa do ambiente escolar".
A namorada do meu irmão, que estuda na UEL, em Londrina, contou que há um colega homossexual que vai travestido assitir às aulas. Quer dizer, não exatamente: ele não usa saias, mas shorts cor-de-rosa minúsculos. Tem cabelos curtos e usa batom. Não tem seios de silicone, mas às vezes está de salto. Nunca está vestido de mulher de uma maneira a ser confundindo e misturar-se entre as alunas, como um transexual. Não, ele deixa claro que é um homem com adereços femininos, provoca a noção de gênero dos colegas mesmo. Ainda segundo minha cunhada o cara, no geral, é respeitado por colegas e professores. Algumas vezes, dentro do campus, pára um carro e diz uma gracinha, em especial os caras de veterinária em sua maioria filhos de fazendeiro mais conservadores. Mas nunca sofreu algo parecido com a Geyse, cuja suposta provocação é seguramente menor.
Quisesse se afirmar como Universidade, a Uniban marcaria pra ontem uma semana de debates sobre tolerância, cidadania, violência de gênero, mídia. Não puniria ninguém, nem os agressores de Geyse: os convidaria a debater sobre suas atitudes, a manifestar sua insatisfação pelo comportamento da colega de maneira racional para que, em grupo, entendessem onde está o incômodo. Dada a repercussão da mídia, tenho certeza de que muita gente notória aceitaria estar presente. Com um gasto mínimo (talvez menos do que custaram os anúncios para comunicar a decisão de expulsar Geyse), inverteria a situação a seu favor.
Mas, da mesma maneira que muita gente só vai à Universidade comprar um diploma pago em prestações, a Uniban deixa claro seu papel de "impressora de diplomas". Não vou julgar ou discriminar que estuda lá, porque já conheci um fulano que se orgulhava por ter concluído o curso de Filosofia da USP sem nunca na vida ter lido um livro até o fim. Acredito que tem gente brilhante e gente rasa em qualquer lugar. O papel da Universidade é estimular a busca do conhecimento, não entregá-lo pronto. Pra mim, a formação acadêmica depende da vontade do aluno, de seu esforço pessoal, mais do que qualquer outra coisa. A Universidade é um facilitador importante, mas não é tudo. Considerando meu ponto de vista, penso em que tipo de contribuição para a construção do conhecimento oferece um lugar onde, frente a um conflito, escolhe-se como solução defesnestrar seu agente mais frágil e mais exposto.
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