Essa semana assisti a “Persépolis” com o marido, que ele não tinha visto ainda. É uma animação incrivelmente bem produzida que trata uma história triste com toda a leveza possível.
Em algum momento da minha vida fui acusada por uma “ex-amiga” de ser uma pessoa pesada, porque eu tava sempre vendo o lado ruim das coisas, segundo ela. Pô, tomei a pílula vermelha. Sofrimento enorme, esse, viu? Queria, como ela, conseguir fletar com o policial que estava na Sorbonne pra reprimir as manifestações dos estudantes. Mas eu não via o cara gostoso, via a repressão, não rolava mesmo. Não sou uma criatura iluminada, pelo contrário, acho que até sou bem superficial algumas vezes. Mas somo dois mais dois e sou bem crítica, e não tenho culpa disso. Taí o Caio Fernando Abreu, que não me deixa mentir:
"Você pode se recusar a ver, o tempo que quiser: até o fim de sua maldita vida, você pode recusar, sem necessidade de rever seus mitos ou movimentar-se de seu lugarzinho confortável. Mas a partir do momento em que você vê, mesmo involuntariamente, você está perdido: as coisas não voltarão a ser mais as mesmas e você próprio já não será o mesmo. O que vem depois, não se sabe.”
Por outro lado, como muito custo, aprendi que o mundo não vai ser um lugar melhor se eu for infeliz. Que eu preciso sim refletir sobre as minhas escolhas, mas que não é indigno sentir-se bem num mundo tão miserável, contanto que eu não faça de conta que esssa miséria não tem absolutamente nada a ver comigo. Antes eu achava que pra conseguir isso a gente precisava ser muito cínico. Hoje acho que basta um pouco de pragmatismo.
Mas o título fala de leveza. Tenho curtido muito filmes que tratam de temas sérios de maneira leve, mas não leviana, que a gente encara no sábado com pipoquinha assim, despretensiosamente. E o Persépolis, apesar da intensidade, tem uma narradora que faz a sua autobiografia não se levando tão a sério, o que é sensacional. Na mesma categoria, amei de paixão o “A Culpa é do Fidel”. Não assistiu ainda? Corre na locadora ou no torrent, porque é imperdível. E “O Crocodilo” do Nanni Moretti? Comédia leve, mas que faz uma denúncia pesada sobre a máfia que é o governo Berlusconi.
Gosto de filmes e de refletir sobre a realidade. Se eu puder fazer os dois ao mesmo tempo e ainda me divertir então, programa perfeito. Aceito sugestões.
Olá!!
ResponderExcluirJá ouvi falar desse filme, parece bom!
Tenho reparado que ultimamente existem tantas animações bacanas, com bom roteiro, p gente grande mesmo!
Semana passada assisti (baixei..) "Mary e Max" e me apaixonei. Também é uma animação (tipo de massinhas) e fala sobre tantas coisas sérias (aceitação, bullying, solidão etc) mas ao mesmo tempo com uma sensibilidade incrível, sobre uma linda amizade entre duas pessoas.
Vale a pena!
Abraços!
Já assistiu "Adeus, Lênin!"? É uma comédia divertida, e bem leve, mas que trata de vários temas políticos e pessoais muito interessantes. Vale muito a pena!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, cheguei aqui por um post compartilhado no GReader, e virei fã.
Má,
ResponderExcluirObrigada pela dica. Vou procurar este, nunca tinha ouvido falar.
Deborah,
Muito bem lembrado! "Adeus , Lênin" é um dos meus filmes preferidos, não sei como pude esquecer. Riquíssimo (do ponto de vista do conteúdo), sensível e engraçado (sem contar que aquele alemãozinho é um charme, né não?).
Obrigada pelo elogio!
Depois de passar tanto tempo "vendo" a gente precisa fazer essa escolha. Porque é pra ser feliz né? Que a gente tá aqui. Não ser cega e não ser amarga e triste. Difícil encontrar esse equilíbrio. Ando tão afastada do cinema ultimamente. Vou anotando tuas dicas... Beijos
ResponderExcluirPois é, Daniela, esse equilíbrio não é nada fácil, viu? Não acho que eu tenho encontrado, tô muito longe disso. Mas acho que o fundamental ter consciência do tamanho do que a gente faz e pensa. A gente vai aprendendo, né? Tamos aí pra isso.
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