segunda-feira, 14 de junho de 2010

As minhas Copas

Eu tava pensando, lendo posts por aí sobre a Copa, que dá pra gente fazer quase uma autobiografia pensando no que estava fazendo em cada uma delas, porque 4 anos entre uma e outra é um espaço considerável. Ainda mais se você, como eu, já não é assim tããão jovem, de um ano pra outro as coisas podem mudar pouco. Mas em 4 dá pra mudar muita coisa na vida, né?
Então vamos lá (e tome fôlego porque vai ser longo):

Eu sou nascida em 80, então fica fácil (pra vocês, porque pra mim é óbvio) saber minha idade em cada uma. Em 82 eu não lembro. Em 86 eu devo ter chorado quando o Brasil foi eliminado. Em 90 eu lembro da fogueteira do Maracanã (joga aí no google pra saber quem é), lembro que o técnico era o Lazaroni, lembro que a gente foi eliminado pela Argentina e lembro que o Careca jogava. Só (e marido vai achar um absurdo, porque sou capaz de apostar que ele sabia escalação já com essa idade...).

Mas 94 começa a ficar bom. Não só porque a gente ganhou a primeira vez (desde que eu sou gente, claro), mas porque eu já era adolescente e comecei a farrear (sem beber ainda, esclareço). E outro dia fiz um churrasco aqui em casa e lembrei com a minha amiga Ceci que essa já é a nossa 5º Copa juntas. A Ceci fez 14 anos em 4 de julho de 1994, dia do jogo Brasil x Estados Unidos, que foi uma festona lá porque era dia da Independência e uma festona pra mim por comemorar o aniversário de uma amiga vendo futebol. Não lembro se foi antes ou depois da Copa que a gente chegou a se estapear por conta, justamente, de futebol: a Ceci é sãopaulina e eu sou corintiana, e o time dela tinha levado um “sacode” de 4 a 0 do Flamengo. Ah, não lembro se a Mari tava nesse dia. E a Mari é corintiana também. Ah, e falando em Corinthians, lembro que o Ronalducho nessa época era o Ronaldinho do Cruzeiro, um moleque magrelo.

98 teve uma final estranha. E na época eu tinha uma relação estranha com um carinha tão nada a ver que até hoje as pessoas (meus pais, inclusive) não entendem bem como eu passei tanto tempo (2 anos) com ele. Não era má pessoa, só não combinava. E, bom, eu assisti aquela final com ele e... perder daquele jeito da França também não combinava. Enfim. Estranho.

2002 foi o auge da vida de solteira. Lembro que uns jogos tinham uns horários loucos. Lembro que eu e a Ceci fomos assistir Brasil x Inglaterra numa festa bizarra que virava do dia 12 para o dia 13 de junho. Frio pra cacete, dia dos namorados, e chegando lá só tinha mulher. A gente bebeu algumas mas não aguentou ficar até 3 e meia quando começava o jogo. Ela me deixou em casa e eu e a minha mãe assistimos sozinhas do sofá da sala – meu pai e meu irmão não gostam o suficiente de futebol para acordar de madrugada pra isso, mas nós duas gostamos. Eu tava quase dormindo e não acreditei quando a bola do Ronaldinho Gaúcho, que parecia um cruzamento errado, entrou. Fiquei olhando pra minha mãe e perguntando: “entrou mesmo?”. E lembrei que a Copa foi o descanso dela nessa época: minha avó, mãe dela, tava bem doente. Faleceu menos de uma mês depois dessa noite: em 11 de julho de 2002.

Ah, mas essa merece 2 parágrafos. Eu e Ceci fomos parar numa balada na final. A idéia era começar a festejar no dia anterior (notem, o jogo só começava às 8h30 da manhã!). Chegamos tipo, à 1h00, bebemos, farreamos e a Ceci perdeu a comanda do bar. Bom, quando é assim os caras querem te cobrar uma multa de 200 ou 300 contos, mas Ceci já tinha carteirinha da OAB nessa época e quebrou o pau com um gerente enquanto eu, largada em alguma mesa, lutava contra o sono e a ressaca. Fomos pra casa dela e eu, de novo largada no sofá, mal vibrei o Penta porque, oi, minha cabeça doía depois de tanta cachaça (crianças, não tentem isso em casa). Nesse dia combinamos, eu e Ceci, que em 2006 estaríamos na Alemanha.

Bem, nós não fomos. Em 2006 eu tava na França (mas marido, que eu ainda não conhecia, estava na Alemanha!). E toda uma experiência. Porque os franceses só se ligaram no que estava acontecendo depois de bater a Espanha. Mas eu andava com a comunidade brasileira. E íamos assistir aos jogos no Stade de Charléty (achei o nome, Amanda!), num telão instalado pela prefeitura. Mas teve o desastre, né? De virar freguesa da França na França. No dia do jogo, um sábado, eu saí orgulhosa de verde a amarelo segura de que, no dia seguinte, ia abafar passeando na Champs Elysées assim. Almocei com a Lu, minha amigona que morava na maison Provence de France na Cité Universtaire, e passamos o dia ouvindo provocações. Cheguei a mostrar o dedo médio pra um moleque no metrô (é, eu já tinha 26 e o moleque não passava de 15, mas e daí?). Enfim, assistimos o jogo num bar brasileiro em République (pra quem nunca foi a Paris, isso não é uma localização precisa, porque não sei agora, mas na época o que mais tinha era brasileiro em République – o badalado Favela Chic fica por lá). E perdemos. Na volta, algum babaca jogou xixi numa amiga que estava com a camiseta do Brasil (oi? você achava que essa falta de civilidade não acontecia por lá?). Mas, enfim. Eles perderam na final. Nos pênaltis. E eu ria com satisfação ao ver o Zidane sendo expulso – vingança é um prato que se come frio e eu não sou feita só de sentimentos nobres. Hehe.

Mas aí, 2010. 30 anos. Julho completo 2 anos no mesmo emprego, e “nunca antes na história desse país” isso aconteceu. Aluguel de apartamento no meu nome. E um marido! Tá bem legal, porque ele é louco por futebol, e a gente é parceiro até pra colar figurinha no álbum. E engraçado pensar que essa pessoa que hoje é tão importante pra mim não fazia parte da minha vida 4 anos atrás. E se você me contasse que: “ó, você vai conhecer um moço assim e assim, e menos de 1 ano e meio depois de vê-lo pela primeira vez vocês já vão estar montando casa”, eu ia achar graça. Mas a vida nos traz surpresas boas às vezes, né? ;)

A próxima Copa é no Brasil e o casal aqui decidiu que vai a estádios (assim no plural), nem que tenha que rifar as duas mães, a minha e a dele (ok, é mentira, só quem ofereceu a mãe pra rifa fui eu – hoho!). Não somos pessoas sérias: a gente mora de aluguel, mas se tiver que gastar até o último trocado pra ver um jogo da Copa no estádio, assim o faremos, porque, oi, outra Copa no Brasil não virá tão cedo. Por motivos óbvios (fraldas custam muito caro) combinamos que filhos só depois de 2014. Talvez a gente encomende algum logo depois da final. Pra comemorar. \o/

10 comentários:

  1. Oba, tô adorando essas linhas do tempo ao longo das Copas! Fiz a minha ontem e devo dizer que, ui, a de 82 marcou demais... Eu me apaixonei (tinha 10 anos, tá) pelo Paulo Rossi que nos eliminou com três gols.. era muito conflito, ó céus, eu estava traindo a pátria.

    Em 1998 eu morava na Inglaterra e fui com uma galeeeera de brasileiros ver o Brasil jogar em Nantes, França. Foi a coisa mais legal dessa encarnação, berrei o hino, chorei tanto, gritei tanto e waved my flag pretty well. Mal vi o jogo de tanta emoção.

    Eu fico tentando bancar a Pollyanna e brincar o jogo do contente: se perder, é só futebol, grandes coisas, né? Mas se ganha, querida, viro adolescente de novo! Sou capaz até de soprar naquele raio daquela vuvuzela.

    É AMANHÃ!! VAI COMEÇAR!!

    BEIJOS!
    Rita

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  2. Ritaaa!

    Eu jurava que ninguém ia comentar porque, né, haja paciência pra ler tudo isso. E eu tava com este post na cabeça há dias, daí li o seu e tive que postar também.

    Adorei o lance de se apaixonar pelo Paolo Rossi! Esses italianos, viu?

    Animadona aaqui também!

    Bjo!

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  3. 78 foi copa na Argentina e eu nasci dois meses depois. Mas pelo que estudei a respeito, não perdi muito. Copa arranjada pros Hermanos e coisa e tal.

    82 só me lembro que já era Porco! E que a cada gol brasileiro eu gostava de ver a assinatura dos jogadores que marcavam gols aparecem na TV. E tinha o mascote brasileiro da Copa, o Pacheco, que eu achava um barato. Bom que nem me lembro da tristeza do desastre de Sarriá.

    86 foi minha primeira decepção real com a Seleção e com os franceses fedidos. Seleção base de 82, técnico Telê, lateral-direito o Josimar do Botafogo (quem?) que fez dois golaços e depois sumiu do mapa, ainda as assinaturas na TV (do Zico e do Sócrates eram minhas favoritas), o Arakem - o show man - comemorando cada vitória do Brasil com um sarro do país derrotado..até trombarmo com Platini, Bats e cia. Putsa jogão onde fomos infelizes no penaltis.

    90: Taffarel, Jorginho, Mauro Galvão, Ricardo Gomes, Ricardo Rocha e Branco; Dunga, Alemão, Valdo; Careca e Müller (sem consultar Google, estou na dúvida da titularidade do Mauro Galvão e do Ricardo Rocha; tinha o Mozer e o Aldair). Copa feia pra raio, Camarões, de Milla foi sensação, perdemos pros Hermanos no nosso melhor jogo. Como você não se lembra?

    94: outra Copa feia. Acabou o trauma dos penaltis graças a Taffarel e Baggio. Começou o trauma dos berros do Galvão (sai, sai, sai, sai que é tuuuuuuuuaaa Taffareeeeelll). Redenção do Branco e primeira vez na vida que bebi cerveja e gostei. Aí já viu né?

    98: Bom time, bons jogos, até a final onde a Seleção só entrou com o nome. Já tinha saído da casa dos meus pais e só eles foram ver a final em casa porque uma prima minha tinha nascido. Não pela minha prima, mas me lembro de um dia bem xoxo desde o despertar.

    2002: Felipão, São Marcos (dá-lhe Porco!), Rivaldo e Ronalducho, então magro, garantem o Penta. Churrasco em casa das 8 da noite até as 8 da manhã, seguido da comemoração e um porre homérico de Absinto que me faz ter náuseas até hoje só de sentir o cheiro de anis.

    2006: sonho realizado: acompanhar a Copa no país sede!! Foi meu primeiro pensamento quando fechei pra ir trabalhar lá. Mesmo com a nova derrota pra França (com direito a um showzaço do Zidane), liguei no dia da final emocionadíssimo pro meu pai e choramos muito no telefone. Curtia a vida adoidado e nem podia imaginar que na distãncia São Paulo-Florianópolis estava meu futuro.

    2010: cruzamos um oceano de volta e nossos destinos se cruzaram. O Brasil tem plenas chances de ser Hexa, comprei o álbum de figurinhas que você achou o máximo (principalmente porque eu quem compro as figurinhas, rs) e me encanta seu prazer em compartilhar comigo até os detalhes mais prosaicos da vida. E isso me faz querer estar contigo nos estádios do Brasil em 2014 e na frente da TV em 2018, 2022, 2024, 2030,...

    Um beijo, minha linda, meu amor. Adoro teu blog ;)

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  4. Adorei a ideia! Acho que vou fazer no meu blog tbm. Eh uma boa maneira de ver a evolução da nossa vida, ne? Adorei!

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  5. Gostei da retrospectiva. Eu não lembro muito dos jogos das Copas, mas lembro bem do que estava fazendo em cada uma.

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  6. Bem legal o post!! Em 4 anos emprego estável e um namorado que vira maridão, legal!!... Realmente, de um ano pra outro nossa vida muda pouco, mas em 4 anos, muitas vezes dá uma boa virada!

    Bjus

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  7. Nossa, Daniel, arrebentou. Dois posts em um. Bom demais.

    Abçs,
    Rita

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  8. meu deus, me senti um et agora vendo voces falarem. tudo bem que eu "soh" tenho 25 anos, mas mesmo que eu fosse falar da copa passada, eu nao lembraria de nada! tenho realmente que fazer esforco pra saber se a gente ganhou na de 98 ou se foi na de 2002 (eu disse que eu nao lembro de nada). mas como eu nao vou ficar sem comentar, vou falar da minha lembranca mais antiga de copa, quando eu tinha 5 anos e poucos dentes:

    lembro de sair da escola balancando uma bandeira e usando um treco na cabeça feito de papel nas cores do brasil. lembro da minha professora dizendo que a gente tinha que torcer pelo pais, mas eu nao sabia exatamente o que isso significava (eu nao sabia o que era uma copa do mundo. gente, eu nem sabia escrever). depois desse flash de memoria, vejo meu pai quase dentro da tv vendo o jogo e me perguntando qual era o time do brasil. eu nao era inteligente o suficiente pra relacionar as cores da minha bandeira com as cores da equipe, mas chutei que era a selecao amarela e meu pai ficou todo contente. acho que eu tambem fiquei, porque ate hoje lembro disso...

    ah, mas na copa de 94 eu chorei! eu torci muito, ja tinha ideia da importancia do mundial e foi massa ter ganho ali. eu tinha nove anos e o camisa 09 era o zinho. meus irmaos tiravam onda, porque o bebeto era o 07 (meu irmao tinha sete anos) e romario era o 11 (e o outro irmao tinha 11 anos). e como guri briga por qualquer coisa... eu me sentia humilhada pelo zinho nao ser um romario da vida e poder me representar como eu gostaria hehehehe

    bom, me esforcei, mas nao saiu muita coisa; hihihi o importante eh que eu lembro que ontem o jogo foi 2x0 :D

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  9. Gente, eu juro que eu tinha comentado os comentários ontem, onde será que foi parar?

    Mas vamos lá:

    Marido,

    Você é gato. Você é fofo. E eu adorei seu comentário. Mulher de sorte, eu. \o/

    Amanda,

    Foi divertido lembrar e escrever, viu? Recomendo.

    Drixz

    Mesmo quem não se liga em futebol consegue usar a Copa como marco justamente por conta desse lance de "parar tudo" ,como você colocou no seu post. A gente costuma se lembrar qual a rotina que estava sendo quebrada, exatamente.


    Laurinha,

    Emprego estável eu já tinha tido alguns. Mas a instável era eu. ;) E realmente minha vida mudou completamente nos últimos 4 anos...

    Rita,

    Cê viu? Daniel é o marido! =D

    Luci,

    Mas a idéia nem é lembrar dos jogos tão bem, mas usar a Copa de pano de fundo pra outras coisas. Eu adorei sua questão com o Zinho. Fosse eu, ia ficar puta também (mas marido defende o Zinho, disse que ele era bom e tal). E, você foi irônica ao comentar o jogo de ontem e eu não entendi ou você realmente não lembra que a Coreia fez um gol? Fiquei na dúvida agora...

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  10. hahahahahahahaha nao, nao tentei ser ironica, nem mostrar demencia, na verdade, eu nao sei porque eu disse que o jogo foi 2x0, mas acho que soh digitei errado. ja pensou? errar o placar de um jogo importante que aconteceu ha 24h?


    Oo tenha medo...

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