quarta-feira, 21 de abril de 2010

Castigo vem a cavalo

Se eu fosse uma pessoa crente, não no sentido evangélico, mas no sentido geral, eu diria que só pode ser castigo. Porque olha só, eu, cansada pra caramba, queria um dia pra descansar. E bom, 21 de abril é feriado, eu ia ter um dia pra descansar e estudar um pouco de qualquer maneira. Mas eu queria um pouco mais. O ideal era ter uma boa desculpa pra trabalhar de casa. No meu trabalho todo mundo usa laptop, temos uma conta com a AT&T para acessar a rede remotamente, então é bem normal trabalhar de casa. Normal pra quase todo mundo, menos pra mim, porque eu sou a assistente-faz-tudo que mexe com papelada, despacha motoboy, recebe relatório de reembolso de despesa da galera, enfim, tenho que estar por lá. Quando eu trabalho de casa normalmente é zica – tipo 31 de dezembro que não teve expediente pra ninguém, mas eu tive que “dar uma olhadinha” no e-mail pra ver se não apareciam pedidos de última hora pra colocar no sistema. Enfim, só-me-fodo.com.
Daí, isso. Eu tava louca pra ter um leve mal-estar que justificasse ficar em casa. Da última vez que isso aconteceu, foi um resfriado bem bobo, e eu só respondi a um ou dois e-mail pra fingir que trabalhava e tudo bem. Só que essa semana eu me estrepei. Comecei a me sentir indisposta no domingo e fiz aquele papel de esposa chata que na casa da sogra fica enchendo o saco do marido clamando “eu quero ir embora!”. Talvez eu já estivesse com febre, sei lá. Segunda eu fui trabalhar bem cansada e fui sentindo a garganta fechando. Comprei umas pastilhinhas porque achei que fosse uma irritação. No final da tarde, comecei a bater os dentes (sério!). Avisei a minha chefe que ia trabalhar de casa na terça, levei o computador e peguei um táxi pra chegar rápido. Chegando, fui verificar a minha temperatura: 38, 5°C. Sabe lá desde que horas. Fui tomar um banho pra ver se baixava. Saindo do banho, 39°C. Tomei o único remédio disponível em casa pra febre. Baixou pra 38°C.
Acordei na terça e liguei o computador. Minha senha não funcionava. Tive que ligar, com voz de pato, para o helpdesk na Finlândia. Tava difícil falar, imagina falar inglês. E bom resolvida a questão, trabalho. Muito trabalho. Tem épocas que eu nem tenho muito o que fazer, mas o VP resolveu me pedir uns relatórios financeiros e eu vinha apanhando desde segunda pra conciliá-los. Pra piorar, os relatórios que eu tirei essa semana não batem com os números que eu extraí no começo do ano para um colega. Não tenho nenhuma explicação, pode ser só cagada minha mesmo, embora eu não entenda como possa ter cagado nisso. E a febre subindo, o ouvido e a garganta doendo até pra engolir saliva, um gosto horroroso no boca. E eu parava de vez em quando pra descansar. Dei uma cochilada de 40 minutos e quando voltei tinham dois e-mails do tal colega na minha caixa: um levantando uma hipótese e outro, meia hora depois, perguntando: “e aí, o que você acha?”. Acho nada, mané. Minha febre subiu pra 39°C e não tem mais remédio em casa.
Por sorte (ou azar) o marido também não estava bem e não foi direto pra faculdade. Avisei que teríamos que ir pro hospital. Chegando lá, bronca: “como assim 39°C de febre e não tomou remédio, quer ter uma convulsão, senhora?!” (digressão: gostava mais quando me chamavam de menina, mas ok). Daí espera, uma bezetacil e outra injeção na veia que nem sei pra que serve. E aquela maravilha, né? Saí de casa super agasalhada, morrendo de frio, numa noite abafada, cheguei empapada de suor, sem febre. Sério mesmo, sem ironia, adoro a medicina moderna. Vocês não?

Nossos planos pra hoje, feitos semanas atrás, eram estudar, descansar e namorar (oi? de vez em quando é bom, né?). Acordei de novo com febre e o marido super indisposto. Depois de tomar novalgina, minha temperatura despencou para 35,8°C. Sério. Não era defeito no termômetro. Agora está em 37,5°C de novo. Resistirá meu pobre cérebro a esterilização via choque térmico? Estudei um pouquinho e descansei um pouco. Ouvido e garganta doem bem menos agora. Namorar? Estou há 2 dias sem beijo na boca. Porque enfrentar trânsito de São Paulo na hora do rush estando resfriado pra levar a esposa no PS é uma coisa. Beijar uma boca com gosto de pus é outra beeem diferente. Perdeu o apetite lendo isso? Imagine eu.

4 comentários:

  1. coincidencia! porque na verdade eu estava mastigando meu ceral muito feliz. tinha acordado com fome e tal e ele tem uns pedacoes enormes de chocolate. mas meu cerebro nao entendeu nada. mastiga "chocolate" e lê "pus". gotôso!

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  2. Luci,

    Desculpaê. Eu sou foda, né? Já começo o dia estragando o café da manhã das pessoas do outro lado do atlântico. Mas eu juro que a idéia não era descontar minhas frustrações nos outros...

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  3. Ai, sei bem como é isso! Pelo menos tem o namorado pra ficar aí do lado, né?
    Passei um fim de semana horrível esse mês. Fiquei doente, com febre, faltou água e a menina que mora comigo tinha viajado no final de semana.

    No mais, melhoras! :)

    =*

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  4. Melina,

    Marido nessas horas é bom mesmo. Mas, ó, a pultima vez que eu fiquei bem doente assim, com febrão e tals, eu morava com meus pais ainda, e eles estavam viajando. Não faltou água porque a gente tinha filtro lá. Mas se não fosse o telefone da farmácia na agenda, não sei o que teria acontecido. Sair pra comprar remédio não ia rolar.

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