terça-feira, 2 de março de 2010

Inferno astral é assim

Imagina que no domingo, você deixa na rodoviária alguém amado que está num momento muito difícil da vida. Imagina o vazio e a sensação de impotência de não poder ajudar essa pessoa como gostaria.

Imagina que, depois disso, você tem sua maior crise de ansiedade dos últimos anos e chora sem parar por mais de meia hora, achando que não vai dar conta do resto da semana. E sente medo do marido se assustar e resolver pular fora porque ele nunca te viu desse jeito.

Imagina que na segunda-feira você tem avaliação de desempenho no trabalho, e precisa dar conta de expressar toda a sua insatisfação. Imagina que sua chefe concorda com o seu ponto de vista, que acha que você merece muito, mas que, dado o momento da empresa, ela não pode prometer nada. E o pior é que você sabe que ela não está enrolando e que corre o risco de não ver nada mudar nos próximos meses.

Chato, né?

Agora imagina que no Natal o marido fez uma listinha de coisas que ele poderia gostar de ganhar, das mais varidas faixas de preço, pra você ter opção. E você olha lá ingressos pra um show bacana. E como ele te deu um show bacana de presente, você quer retribuir porque apesar de shows bacanas custarem os “zóidacara” pra quem não é estudante (e pra quem é também, ainda que seja metade do “zóidacara” do preço da inteira), o 13º taí, não há crianças a serem sustentadas e bom, o marido merece.

Agora imagina você esperar meses pelo show, torcer pra não chover, São Pedro colaborar, você se empolgar pensando que vai ser muito legal, saber que galera pretende cantar parabéns pro vocalista que faz aniversário só 2 dias antes de você e, quando o show começa, você descobrir que contrataram o pior engenheiro de som do universo.

Pausa aqui. O vizinho do apartamento enfrente ao nosso é surdo e ouve a novela no talo. Dá pra ouvir da nossa sala.

Ouço a novela do vizinho com maior qualidade de som do que ouvi o show que paguei “zóidacara” e foi presente de Natal pro marido. Saímos na metade, quando nos demos conta de que nem no bis os som ia ser arrumado, depois de passar muita raiva com as tentativas de equalização.

Outra pausa. Acabo de receber um sms de uma amiga que estava lá, mas na pista vip (daí é “zóidacara” meeeesmo, “dicumforça”). Segundo ela, lá se ouvia perfeitamente.

Ó, se isso não é inferno astral, eu não sei o que é. Sério, tô boa não.



(Chris Martin, pisciano querido, juro que as vaias não eram pra você, tá?)

5 comentários:

  1. Puxa, que coisa! A minha experiência com o show do coldplay foi um pouco diferente: o som estava otimo, a organizaçao excelente, o ambiente super animado, mas........ Fui sozinha, acredita? Era tao caro que nao conhecia ninguem em Paris disposto a pagar pra assistir o show. Eu que nao ia deixar a oportunidade passar! Fui sozinha e curti como nunca! Espero que as coisas melhorem! Beijos!

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  2. Eu não a-cre-di-to que o som tava ruim. PELAMORDEDEUSNINGUÉMERECE.com.br Sinto muito, muito mesmo. Eu tava com dor de cotovelo por não ter ido, agora estou mais por você ter ido e não ter curtido da forma devida.

    Sinto muito. De verdade. :-(

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  3. Não dá pra deixar de comentar. Eu também estava lá e tb achei que esse seria o melhor presente ( de 18 anos pro meu irmão). Fiquei decepcionada com o som tb, as musicas acusticas pareciam sussurros,e eu estava na arquibancada vermelha especial. Agora vamos combinar né... dizer que na pista vip dava pra ouvir é sacanagem, CLARO QUE DAVA! mas a falta de respeito com a galera das outras areas foi demais, foi meu primeiro show em estadio e a decepçao com o som foi demais.

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  4. Amanda,

    É ir sozinha deve ser meio estranho mesmo. Já fiz muita coisa sozinha, mas ir a um show nunca. Bom, pelo menos você ouviu, né?
    Tava olhando as fotos do seu blog. Sabe que no meu tempo de Paris tinha uma comunidade no orkut chamada "Brésilien en France" que fazia encontros todas as sextas-feiras em algum bar? O convite era postado lá e aberto a quem quisesse aparecer. Fiz muitos amigos assim. Saudade desses tempos. Ah! As coisas vão melhorar, com certeza. Mas que vão me aborrecer um pouquinho até lá, isso vão.


    Rita,

    Aparentemente outros etores nem tiveram problemas. Mas o nosso foi horrível. Imagina que o técnico ficava tentandoo equalizar ali na hora, então às vezes sumia voz, ás vezes o piano, às vezes ficava ótimo por dois segundos. Uma guerra de nervos! Eu ainda tô meio revoltadinha, mas vai passar. :-)

    Patrícia,

    Minha amiga não contou na sacanagem, não. Eu que perguntei, porque queria entender o que estava rolando. Uma amiga dela foi na pista normal e consegiu ouvir, mas um colega do meu marido estava a pista também e disse que pra ele estava ruim. Chegamos à conclusão que o problema era do meio pra frente. Eu tenho o ouvido razoavelmente sensível e acho que as caixas de trás não estavam funcionando. Mas, ó, não é todo show em estádio que é assim, de jeito nenhum. No da Madonna o ano passado eu tava até mais longe e o som tava excelente.

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  5. Ops! eu quis dizer do "meio para trás".

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