sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

O Haiti - ou porque sou cética

Um dos livros que eu mais gostei de ler na faculdade foi "El Reino de Este Mundo", de Alejo Carpentier, que fala do processo de independência do Haiti. Ao contrário da maior parte dos países latino americanos, cuja independência foi um processo conduzido pela elite, ou, no caso do Brasil, o corte de cordão umbilical de pai pra filho (nossa história não é ridícula às vezes?), os haitianos conheceram uma revolução popular, liderado por escravos.

O Haiti é um país miserável, o mais pobre das Américas. Quando alguém te falar que o socialismo é uma droga, "é só olhar Cuba", a resposta perfeita é dar o Haiti como exemplo de como o capitalismo pode ser cruel também. Ou até pior, já que, ao que parece, em Cuba há escassez de recursos mas não há fome (ó, não tô defendendo Cuba nem o Fidel, mas é diferente ser pobre e não ter o que comer - e tem gente que não se atenta a isso). No Haiti o que impera e a fome e a desesperança. Daí vem um terremoto e arrasa com tudo que já é super precário, termina de jogar na miséria a meia dúzia que estava acima da linha de pobreza.

Desculpem o post baixo astral, mas nessas horas fica claro pra mim que não existe Deus, pelo menos não essse ser supremo que decide pela vida das pessoas. Porque seria uma sacanagem sem tamanho determinar que um sujeito vai nascer na Dinamarca e o outro no Haiti. E não quero ouvir que Deus tem lá seus propósitos. Tem que ser muito insensível pra achar alguma explicação plausível que justifique condenar alguém a vir ao mundo para uma vida de tragédias e miséria.

Mas, se sou descrente em Deus, acredito muito em todos os sentimentos humanos e na sua força de transformação, para o bem e para o mal. Por isso vou deixar o link para o post do Alex Castro em que ele agradece as pessoas que o ajudaram depois da passagem do Katrina, que me comoveu muito: http://www.interney.net/blogs/lll/2009/11/25/dia_de_acao_de_gracas/

Triste é saber que os cidadãos haitianos tem muito menos recursos para ajudarem uns aos outros numa situação de tragédia do que os americanos ou mesmo os brasileiros.

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