Eu já tive um blog. Foi há alguns anos, quando eu morava fora do país e achei que poderia ser uma maneira interessante de atualizar as pessoas sobre as minha impressões acerca da experiência. Mas aquele foi um ano muito dolorido, os meus posts eram muito pessoais, e eu não tive a malícia de escolher um semianonimato. Quando contei uma vez no blog que estava com um grupo de amigas e todas já tinha tomado antidepressivos, levei uma bronca dos meus pais. Tive que mudar o endereço sem comunicá-los, porque não pretendia abrir mão do tom confessional. Depois do regresso, já há alguns anos, deletei o blog antigo e hoje entendo a preocupação da minha família: as pessoas são cruéis, a gente não tem controle de quem vai nos ler, e de como isso pode ser usado contra nós no futuro.
De uns tempos pra cá, voltei a ler e a comentar em blogs, em especial, mas não somente, os com temática feminista. E voltou a vontade de escrever, porque eu sou prolixa e acho que caixas de comentários não são suficientes. Porque por mais que as pessoas escrevam muito bem, e muitas vezes me sinta contemplada pelo ponto de vista alheio, minhas experiências são só minhas, e eu também quero registrá-las.
Por enquanto, mas pode ser que eu mude de idéia, vou apelar para o formato “anônima, pero no mucho”. Ou seja, jogando no google o meu nome completo ninguém vai cair aqui. Mas se eventualmente alguém que me conhece chegar aqui por outras vias, não vai ter dificuldades em me identificar.
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