terça-feira, 21 de junho de 2011

Da necessidade de ter opinião pra tudo

Escrevo um post abordando coisas diferentes com um ponto de intersecção pequeno e corro o risco de ser mal interpretada. Conto com a generosidade de você aí que está lendo pra me dar o benefício da dúvida caso algo soe mal.

Bom, começo com a propaganda da Coca-Cola, que me incomoda um tanto. Pra cada tantos corruptos existem tantos mil doadores de sangue. Os bons são maioria, etc. No mundo em que eu vivo, as coisas são mais complexas e como doar sangue é algo que se faz publicamente e ser corrupto é algo que se faz de maneira (geralmente) dissumulada, não dá pra afirmar categoricamente que quem faz um, não faz outro. Porque no meu mundo não tem nada que diga que um criminoso não seja capaz de uma generosidade. E acho que, no geral, cometer um crime, ou alguns deles, é só um aspecto da vida de uma pessoa. Não que eu não acredite que há serial killers psicopatas, pessoas que se dedicam a se dar bem em cima das outras como vilão de novela. Mas acho que, no geral, a maior parte das pessoas é capaz de coisas bacanas e de coisas mesquinhas. E algumas são capazes também de coisas horríveis. Meu critério para escolher com quem me relaciono é muito mais qualitativo (que coisas horríveis são essas) do que esse condicional bons x maus. Outro dia vi gente inteligente dizer no twitter que não existe gente mal caráter de esquerda. Que se for de esquerda “de verdade”, não é mau caráter. Sério, não posso com essas simplificações do mundo, gente.

Disso eu passo para os comentários de portais na internet. Porque quando noticiam um crime qualquer, o povo que se dedica a comentar nesses lugares curte muito ter uma opinião formada, como se tivesse a investigação tivesse sido concluída e @ comentarista tivesse tido acesso a todo o processo. Daí, maniqueísmo abunda, né? E eu me assusto com a leviandade que a internet propicia. isso de poder registrar sua opinião publicamente mesmo não sendo qualificad@ para tal. Erro que a gente pode cometer facilmente se não tiver o mínimo de cuidado.

Tento evitar ao máximo. Sou uma pessoa razoavelmente politizada, tenho um blog, gosto de dar opiniões, mas faço este esforço de não me manifestar assim, só pra marcar minha opinião. Porque tem coisas que eu não tenho condições de avaliar. Se blogueira X está brigando com blogueira Y e eu só sei do caso muito superficialmente, vou evitar ao máximo dar pitaco, pelo menos publicamente. Claro que eu sou humana, tenho minhas preferências e uma série de preconceitos. Mas tomo muito cuidado antes de fazer afirmações categóricas. Um exemplo bem concreto? Caso Battisti. Não sei o que pensar. Li um pouco a respeito, muito pouco pra me posicionar, pra saber qual é a do cara. E, olhem só, não acho que não ter opinião é um problema. Não tenho especial interesse em Relações Internacionais e isso não vai afetar a minha vida diretamente. Então, se alguém quiser me descadastrar do clube de pessoas pensantes por conta disso, não vou guardar mágoa.

Mas daí vem o ponto polêmica-mamilos deste post. Faço parte de um coletivo, as Blogueiras Feministas. Somos muito plurais e há bastante divergência interna. Tem gente lá que eu adoro, mas com quem não consigo concordar em (quase) nada. Até aí, tudo bem. Os posts no blog coletivo são assinados e quando não concordo com algo, posso ir na caixa de comentários discordar ou simplesmente deixar passar batido. Imagino que não é porque fulana do grupo pensa assim que geral vai concluir que eu, por ser do grupo, concordo também. Bom, e se concluir isso numa questão menos importante, beleza também. O fato é que eu não estou disponível pra entrar em todos os debates do mundo. E fico me perguntando até que ponto não estou sendo negligente quando eu não entro em todos os debates deste coletivo. Enfim. Vocês decidem.

*Agora o alerta: isso não significa, em momento nenhum, que estou desqualificando os debates, nem as pessoas que tem opiniões em questões que não me despertam interesse. Menos ainda que quem tem opiniões firmes em questões que eu ignoro é, necessariamente, maniqueísta. Por favor, vocês entenderam, né?

4 comentários:

  1. Entendi tudinho e tem muita coisa neste post que eu queria ter escrito. Eu já me cobrei pra ter mais opiniões. Hoje, te leio e fico mais tranquila, acho até que tenho opiniões demais.

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  2. Não muito, porque o pano de fundo de toda essa reflexão não está no post...rs.

    Mas gostei de uma coisa que vc disse: a internet propicia uma leviandade assustadora. Deixei de ler comentários em sites (especialmente de notícias) e em vídeos do youtube por essa razão. Bom...pelo menos eu tento.

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  3. Lu,

    Sua LINDA ;-)

    Dani,

    Olha, não teve episódio específico não, viu? Foi a prática cotidiana de ser parte de um coletivo.

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  4. Ai, Iara, é isso! Eu ODEIO essa propaganda, desde o primeiro dia que eu vi. Acho tão... nada a ver.

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