Eu tô devendo um post sobre o livro da Maria Rita Kehl que eu falei que ia fazer, até porque será sobre uma obra em que ela analisa Madame Bovary, a Rita leu faz pouco e, bom, o timing tá passando (droga!). Mas tô meio de saco cheio de assunto super sério (eleições? deu por enquanto). Daí me deu vontade de escrever sobre algo diferente. Algo sério mas não no gênero épico, no lírico.
Tenho essa amiga que está num relacionamento bem instável. Aliás, não só o relacionamento, a vida dela está muito instável e este relacionamento começado no meio da crise só reflete isso. E ela diz que gosta do cara, mas os dois não conseguem se entender. Na sua versão, não dá pra terminar porque o namoro “é a única coisa boa” na vida dela no momento. E não adianta eu argumentar que “olha, mas um relacionamento ruim não é uma coisa boa...”. Claro, cada um pensa de um jeito. Tem gente que não consegue ficar sozinha, e pode ser que seja o caso dela. Eu já estive sozinha por longos períodos e já estive em relacionamentos ruins e posso dizer que hoje eu não troco a primeira situação pela segunda. Mas sou espertinha o suficiente pra dizer que esta sou EU e isto é HOJE. Não posso garantir que sempre vou pensar assim. Mas que eu acho um desperdício uma pessoa tão jovem se apegar a algo que não a está fazendo feliz, isso eu acho.
O problema principal do casal em questão é o ciúme. Os dois sentem um ciúme absurdo um do outro. Não é caso de polícia, felizmente, mas é caso de tensão constante. E você diz: “mas Iara, sua tolinha, tem gente que acha que isso apimenta a relação”. Pode ser, mas eu acho que uma coisa é aquela briguinha boba, aquele charminho, que termina em fazer as pazes na cama. Outra é ficar o tempo todo se perguntando o que o outro está fazendo, sofrendo, fantasiando e levando a questão para guerra semana-sim-e-outra-também. Sabe gente que vai fuçar no celular alheio procurando algo pra se aborrecer? Nesse naipe.
Já falei pra ela que é bobagem. Que não funciona assim. O amor só é tão bacana porque o outro é livre. Tem que cativar, não prender. Mas ela disse que não consegue ser assim, que tem muito medo de “ser feita de trouxa”. E, né? Mandei a real pra ela. Garantia até a próxima Copa, só na televisão nova. Amor não dá garantia nenhuma. “Ser feita de trouxa”, que pode significar coisas muito diferentes pra pessoas diferentes, é um risco inerente ao sentimento. Enquanto eu escrevo isso, marido está na faculdade. Quer dizer, deve estar. Mas pode estar com outra, dizendo “sabe como é, minha mulher é frígida, nem rola nada entre a gente, etc”. Confio muito nele, nos seus sentimentos, e no seu amor e respeito por mim, mas já vivi o suficiente pra saber que as pessoas são humanas, com tudo de bom e de ruim que essa humanidade implica. Todas as pessoas que amamos têm potencial pra nos machucar.. TODAS. E olha só, também temos esse potencial e podemos machucar os outros, ainda que involuntariamente. As opção são: confiar, não pensar no assunto e extrair o máximo de felicidade da vida, ou se fechar, travar e viver angustiada por não ter o controle de tudo. Eu escolhi a primeira.
Sabe, Iara... É bom ter um momento só seu. Mas chega uma hora que cansa ter só você como companhia. Cansa ser a vela oficial; cansa ser a conselheira amorosa oficial ainda que nunca tenha tido um relacionamento correspondido sequer. Cansa ter mil e um cunhados, mas nunca ter dado um. E muitas vezes por mais que queiramos expremer da vida o máximo de felicidade, nem sempre o que são exprimidos são sorrisos... :~ É... meu coments foi meio deprimido pelo jeito, né?! kkkkkkkkkkkkkk Ai ai!:~
ResponderExcluirDepois de dez anos como par, estou só. Gosto. Não gosto. Sou ótima companhia e tenho meus livros e filmes. Só sinto falta de sexo (claro, né). E de dormir de mãos dadas. Mas, enfim, o que eu ia mesmo dizer é que essa tua amiga deve ser minha amiga também. Estou com a boca seca de argumentar que ser feliz sozinha é muuuiiitttooo melhor que ser infeliz a dois. Aliás, ser infeliz sozinha é melhor que ser infeliz a dois porque sozinha você pelo menos escolhe onde e como sofrer. Eu também escolho a confiança, sempre. Esse comentário ficou confuso...mas é assim que viver é tantas vezes. Então deixo. Bjs
ResponderExcluirNossa, eu concordo muito com vc, Iara. Eu sofri muito sozinha e acompanhada, mas já fui muito feliz nos dois jeitos. Hoje estou acompanhada, acho que vai durar bastante, mas não tenho controle sobre as coisas. Tento viver um dia após o outro, na paz. Mas sempre pensei que não vale a pena tentar mover o mundo, melhor ser feliz com a volta que ele dá. Tenho uma amiga que é casada, mas tem essa postura da sua amiga. Ela sofre e também não enxerga que 100% de certeza a gente nunca tem. Melhor é não se preocupar. Tem gente que faz até conjectura do que faria se fosse traído. Eu realmente não sei. Prefiro pensar quando (e se) acontecer. Eu já fui ciumenta, mas descobri que era porque sabia que o cara não gostava o suficiente de mim. Tava comigo pq eu era bonita e legal. Demorei muito pra perceber e quando me toquei, foi sem traumas. Pelo menos pra mim. Sinto um pouco de vergonha de algumas posturas que eu tomei na época de chegar na casa dele antes dele, ir nos lugares que ele ia sem avisar e talz. No começo era só pra fazer surpresa, mas depois foi pra vigiar mesmo. Mas não me arrependo. Acho que eu precisava pagar esse mico pra nunca mais pagar. Hoje eu sei que é melhor ficar sozinha do que passar por isso. É como aquele ditado "é um veneno que vc toma querendo que o outro morra". Só faz mal pros dois e nunca diminui. Eu sou extremamente pessimista com relacionamentos assim. Não acredito que possam recuperar a confiança depois que já se invadiu celulares, e-mails e etc. Talvez nenhum deles traia, mas a cabeça deles já é o pior inimigo.
ResponderExcluirGlória,
ResponderExcluirLi seu comentário hoje de manhã e fiquei com uma música na cabeça, a "Futuros Amantes". Sabe qual? "Não se afobe não, que nada é pra já, o amor não tem pressa, ele pode esperar". Entendo perfeitamente o que você está sentindo, acredite. Mas acredite que tem muita coisa bonita pra te acontecer nessa vida, menina!
Borboleta,
Você tocou no ponto. Ser infeliz sozinho é menos cansativo que ser infeliz acompanhado. Pelo menos é uma infelicidade, no geral, mais pacífica. A gente pode escolher que filme escolher no cinema e onde vai passar o final de semana, sem negociar nada.
Drixz,
Olha, tem essa, de quem não confia pq acha que o cara não gosta o suficiente. Mas aí o problema ainda é nosso, né? Ou tenta entender de onde vem esse sentimento de não ser correspondida, ou pula fora. E olha, eu nunca fui ciumenta assim como você falou, e seguir o cara e tal, mas em alguma medida sou ciumenta, sim. Mas algo super controlado e racional. Acredito muito nessa coisa poética de que o ciúme é o sal do amor. O meu é só assim, temperinho que lembra que o outro é interessante, que tá vivo pra outros interesses, que pode despertar outras pessoas. Só aquela coisa saudável de lembrar que a gente tem que construir a coisa a cada dia, se não a chance de dar errada é grande.
Bjo, meninas!
Ai, Iara, obrigada por mudar de assunto. Posso tomar emprestado o título do post para amanhã?
ResponderExcluir:-)
Bom, quando eu decidir deixar de ser infeliz a dois, saltei no escuro. Olhei pra frente e me vi sozinha, sem perspectiva diferente da solidão. Encarei porque gostava mais de mim daquele jeito, sem sofrer.
Aí reencontrei Ulisses.
Fim.
:-)
Bj
Rita
Claro, eu ia te falar no twitter, pra mudar de assunto um pouco mesmo. Faz bem.
ResponderExcluirE o principal argumento pra desapegar dessa infelicidade certa é porque a gente abre caminho pras surpresas boas, né?
Já te contei o quanto fico impressionada com você ter uma odisséia lírica na sua vida? ;-)
(pegando a sexta-feira a noite pra colocar a leitura dos blogs em dia, hohoho)
ResponderExcluireh uma logica meio bizarra essa da sua amiga. afinal, estar colada no namorado (atraves de celular, verificando email, espias, ou sei la o que que ela faz) nao vai fazer o cara "andar na linha". sei que ciume nao eh algo que voce controla, mas...
levei um chifre uma vez (a que eu descobri, neh...) e fiquei doida. louca, maluca, histerica. passei um mes perguntando todo o dia ao cara o que ele fez e deixou de fazer. resultado, um mes depois levei outro. hehehehe aih pensei, "po, debaixo do meu nariz e apesar das minhas preocupacoes?". ai relaxei, sabe. mesmo. tava pouco me fudendo com o que ele fazia ou deixava de fazer. o problema eh que, nesse ponto, eu tava pouco me fudendo pra qualquer coisa. acabamos uns meses depois. dai sempre achei que eu era muito ciumenta, porque o tal namoro tinha durado 4 anos e foram quatro anos de ciume. ai surge camilo e me mostra que eu sou saudavel hohoho que o problema era o individuo e a relacao, nao eu. e como eh booooooom confiar em alguem. nao sofrer...