Então, eu não vi o segundo filme e acho que não vou ver. Não no cinema, pelo menos. A não ser que alguma amiga sugira um programinha luluzinha em que a sessão de cinema esteja inclusa- e daí eu vou pela companhia. E nada contra. Mas só não consigo ser entusiasta. Eu tenho amigas superhiperultramegamaxi fãs, que têm todas as temporadas, conhecem episódios de cor, etc, etc. E eu mal sei das histórias, porque só assisti reprises – só fui ter TV a cabo em casa há 3 anos, e a série já tinha acabado.
Mas eu respeito. Muito. Porque se eu tenho uma certa gastura com o consumismo e os deslumbres por grifes – ok, eu tenho mais pares de sapato do que eu precisaria, mas não sou deslumbrada com isso – a gente tem que reconhecer que em termos de comportamento a série foi revolucionária. Uma coisa que sempre me chamou a atenção foi falarem abertamente de mulheres se masturbando. E é impressionante como ninguém falava. Aliás, quase ninguém fala ainda. Nem entre amigas. Recentemente, uma amiga se queixava do quanto era chato estar sem companhia masculina e eu falei que tem horas que a gente se cansa de se satisfazer só com os dedos. Visivelmente constrangida, ela disse que “não gostava disso”. Olha só, da minha geração, fala sobre homens numa boa, mas prazer solitário “não gosta”. E eu acho bizarro mesmo. Consegue imaginar um cara falando pro outro: “ô, nem gosto de punheta?”. Pois é.
Mas as moças lá gostam. E eu lembro da faxineira que a Miranda arranjou que trocou o vibrador dela por uma imagem religiosa. E penso que nunca antes de SATC a gente veria algo assim. E penso na Samantha e toda a sua voracidade, como ela destrói todas as previsões machistas de que a mulher “rodada” tá “condenada” (todas as aspas do mundo, né?) a ficar sozinha. Por ela termina a série ao lado de um homem gato, apaixonado e companheiro, disposto a ficar ao lado dela no momento mais difícil de sua vida, não importa com quantos homens ela tenha transado antes. Lembro da Charlotte que nunca tinha pegado um espelhinho pra olhar sua própria vagina e penso em quantas Charlottes encontramos por aí... Daí meu respeito, porque olha, não deveria ter nada de chocante nada disso, mas todo mundo fazia de conta que a nossa sexualidade só existia orbitando um homem, e para o prazer dele. Então, na ficção assim cotidiana, as mulheres nunca foram tão autônomas.
Daí lembro de ter visto em algum site feminista uma crítica ao primeiro filme. Mas o que eu mais gostei foi justamente o que muita gente achou machista pra caramba. Tipo, a Miranda é a minha personagem favorita. E, desculpe quem não viu o filme, lá ela tá há muitos meses sem transar com o marido. E daí ele a trai e eles se separam. E contando parece mesmo que o lance é que a gente tem obrigação de transar e tal. Mas eu não entendi assim. Porque sexo é carinho em muitos contextos, e a gente vê que não era sexo que Miranda recusava a Steve – era intimidade. E que ele sofre muito por isso. E ele conta a ela que a traiu arrasado, destruído. Não há um pingo de intenção de humilhá-la no ato dele, ele é quem se sente humilhado de ter que esmolar carinho fora da relação. E, por ser feminista, eu deveria acreditar que mulheres não tem reponsabilidade nenhuma pela felicidade dos seus parceiros só pra fazer oposição a quando se acreditava que tudo estava nas nossas mãos? Não, né? Então, bobona que sou, chorei horrores. Pra mim, o filme marcou por essa história: a tentativa de reconstruir uma relação abalada, de fazer o amor valer mais do que a mágoa. E a trilha desta trama é “How can you mend a broken heart”, só pra eu chorar mais ainda. E eu tava no comecinho do namoro com o marido, mas já fiquei pensando o quanto o perdão é matéria-prima essencial dos relacionamentos, especialmente aqueles que se pretendem longos.
Ok, a Carrie, o Big e tal. Isso dá preguiça mesmo. Aliás, desculpaê quem é fã, mas eu acho a Carrie uma chata, sempre achei. Mas quem disse que são os protagonistas que sempre contam as melhores histórias?
Olha não quero criticar não, mas achei alguns pontos de sua opinião um pouco exagerada, especialmente em relação ao casamento e a relação que o casal deve ter, se há amor e amizade entre o casal, então deve haver química sim, casamento não é só cobranças, ciúmes, encontros de família e amigos. È amizade e companhia o que dá total intimidade e desejo entre o casal. Quanto ao consumismo exagerado, que o Filme aborda, se você não percebeu, há muitas mulheres espalhadas pelo mundo, que vivem de regalias, são pessoas ricas, ou razoavelmente financeiramente, mas que vive gastando, é uma abordagem totalmente real, o Consumismo Exagerado existe sim, mas não quer dizer, que todo mundo deve fazer que nem os personagens do SATC e sair gastando compulsivamente, é entretenimento, quem não gostaria de ter alguns dias de Princesa, não existe mulheres no mundo, que não gostaria de ter um belo sapato, um bom perfume. Quanto aos outros comentários, realmente algumas questões em relação a conversas muitos intimas entre amigas, às vezes, não é muito agradável. A Samantha pode ser “desamorosa”, mas é divertida é feliz. A Carrie e Ms. Big é um exemplo de casal normal, brigam, se amam, erram, perdoam, ela gasta muito e é “metida”, mas ele é seguro e discreto, se completam.
ResponderExcluirCada um tem um jeito de viver, cada um tem uma opinião, você tem a sua, e ninguém pode mudar-la e todo mundo pensa diferente mesmo.
Abraços
Priscila
Priscila,
ResponderExcluirDesculpe, mas eu acho que eu não entendi o seu comentário. Tipo, sobre sua visão sobre casamento e o que você tá criticando na minha não entendi nada. Sobre consumismo, é eu sei que tem gente que vive desse jeito. E sobre o seu "não existe mulher no mundo", desculpa, mas existe sim. Há mulheres que não dão a mínima pra um monte de coisas que, teoricamente, "todas as mulheres" adoram. Mas no post eu só disse que eu não acho esse aspecto bacana na série, só isso. E aliás eu não tô falando de "jeitos de viver". Tô analizando, de maneira muito modesta, uma obra de ficção.
Abraço,
Iara
Definitivamente: Sex and the City revolucionou. E esse seu comentário sobre masturbação me lembrou que somente depois de uma amiga ter visto a série é que ela conseguiu falar sobre isso. "Não gosto disso" parece ser a resposta padrão sempre que o assunto aparece, mas, aos poucos, acho que as mulheres estão percebendo que elas também podem fazer o que os homens fazem sem sentir culpa nenhuma.
ResponderExcluirSobre vc achar a Carrie uma chata... Não aceito!!!!!!!!!! ^^ Ela não é chata. É meio neurótica e perde o controle com facilidade, mas ela é legal!
Abraço!
Não acho a Miranda a mais legal, não.... MAS
ResponderExcluirConcordo com todo resto!!!!!! Adoro o visual do filme e da série - que é o que eu mais gosto da Carrie - mas é tudo muitíssimo exagerado, né??? Todas elas são extremos, e a maioria das mulheres são misturas de todas elas... Hj Miranda, amanhã Charlotte - nesse findi, espero que sejamos todas Samantha!!!!!
Enfim, Bela obra de ficção, com coisas reais com outras surreais, mas que de qualquer forma, quebrou muuuuitos paradigmas!!!!
Agora, SUPER vale a pena a ida ao cinema, é bonito e divertido, muito melhor que o primeiro, na minha opinião.
Bjsss
bom, eu nunca assiti nenhum episodio da serie, nenhum filme e, finalmente, tou sabendo agora o nome de alguma personagem. e pra alguem como eu, que nao conhece nada, ver os cartazes do filme que esbanjam aquela riqueza surreal, aquela vida que ninguem tem (que pouco gente tem), nao eh facil se identificar com o filme. com a serie etc. infelizmente, pra mim eh dificil me identificar com algo que eh totalmente fora da minha realidade. e olha que me iodentifiquei com brokeback montain, mas soh porque interpretei aquilo como "amor", nao como "homossexualismo". mas no caso de sex and the city, nem isso. seja como for, eh verdade que masturbacao feminina eh tabu. uma vez, na era glacial, eu disse a um cara da internet, na nossa primeira conversa quem, po, todo mundo se masrtubava. mae, pai, vizinho, colega de trabalho etc. mas sera dificil falar isso com as amigas. alias, impossivel. ate que,m um dia, comentei algo sobre com minha melhor amiga e foi tao legal! parece que a gente tava soh esperando esse momento pra abrir o jogo e ser adulta, neh? entao, quando alguem se lanca nesse assunto, eu tenho que bater palmas!
ResponderExcluirparece que eu escrevi o post de olhos fechados. foi mal aih pelos erros!
ResponderExcluirAh Lara, eu não tenho problemas em conversar esses assuntos mais "íntimos" com ninguém que eu tenha intimidade, sabe? Se me perguntarem qualquer coisa do gênero, responderei sem problemas. Às vezes, tiro alguma resenha, mas não acho nada "fora do comum" não. Eu só assisti ao primeiro filme e sequer assisti a algum episódio da série. Bom, eu adorei o filme e não lembro dele com muito exatidão pra comentar algo mais "detalhado". Só sei que eu gostei quando assisti. UAHSUAHUAHSUHUHH
ResponderExcluirSim, adorei seu blog. Ainda não li todos os outros postes, mas lerei! \o/ Ele foi feito pra isso ... pra ser apreciado! Enfim, Lara, um beijo!=*
Sim, eu deveria ter falado: Olares Lara e não 'ah Lara'!--' UASHUAHSUAHUSAUS Soou meio como se eu tivesse indo de encontro a alguma opinião sua. O que não acontece!:P ASUAHUSHH :*
ResponderExcluirEu tenho a impressão de que existe também um certo preconceito em relação à masturbação masculina também, não existe? Claro que não como o que existe em relação à masturbação feminina.
ResponderExcluirUma diferença grande entre homens e mulheres é que para os homens basta se masturbar, acho que a maioria dos homens não sentem a necessidade de conversar sobre masturbação com outros homens.
Priscila, acho que vc está fazendo algumas generalizações que não são válidas. Você disse por exempo: "casamento é amizade e companhia o que dá total intimidade e desejo entre o casal." Eu já pensei assim um dia, mas acho que infelizmente muitas vezes não é assim que acontece.
Iara, nunca assisti SATC, mas concordo com você que merece respeito uma séria que ajude a quebrar tabus em relação à masturbação feminina.
E pelo que você contou do que você gostou no filme, fiquei com vontade de assistí-lo.
Leonardo,
ResponderExcluirMuitas mulheres não falam disso nunca, sua amiga não é exceção. E, ó, desculpa aí, mas eu acho a Carrie chata, não adianta :)
Caro,
Não é nem só que eu goste mais da Miranda. Eu sou completamente Miranda. Nem consigo achar o meu lado Carrie ou Charlotte... ;-) Bom, se eu tiver a oportunidade, vou ver o filme, sim, é só q não é prioridade.
Luci,
Olha, apesar de ter um ladinho perua (não sou hipócrita), acho a coisa toda em SATC opressiva de tão exagerada, então eu entendo totalmente sua não identificação. Mas além de toda superficialidade perua, há todo uma mudança do comportamento feminino sendo retratada ali, especialmente em relação à sexualidade. E isso, antes deste seriado, ninguém fazia, pelo menos não na grande mídia.
Glória,
Você de novo me chamando de "Lara"! É iara, Glória! ;-) Mas eu não gosto de rotular pessoas pela idade, mas você é bem novinha, né? E se você não sente vergonha de mencionar algo sobre masturbação com uma amiga próxima, é porque realmente as coisas mudaram, e foi deixando de ser tabu. E o seriado deu a sua contribuiçãozinha pra isso, pode apostar.
Valdson,
A questão da masturbação não é conversar a respeito, mas admitir que existe e que é natural. Porque lógico que para os homens também já foi tabu imposto pela religião, mas superado isso, o moleque tem a a coleção de revistas playboy e todo mundo, inclusive a mãe, sabe que ele fica 2 horas no banho por conta da punheta. Então, ainda que não se fale, é algo implícito. Mulheres (e meninas, claro), não. Não fazem, não gostam, não existe. Negação mesmo. A coisa vai tão longe, que eu já vi enquentes na internet ou em revistas feminas perguntando aos homens: "o que você acha das mulheres se masturbarem". E cara lá respondendo: "ah, nada a ver, tanto homem por aí...". Quer dizer, porque um homem qualquer deveria ter o direito de palpitar sobre a relação que uma mulher tem com seu próprio corpo? Mulher nenhuma é convidada a palpitar sobre como vocês se relacionam com o corpo de vocês, entende?
No mais, não se empolgue muito. O filme tem uma trama interessante no meio de bastante bobagem e outras coisas que só fazem sentido para fãs. Mas se um dia estiver passando assim, na Tv, de graça, pode ser que você ache um passatempo interessante.
Concordo com vc, Iara. Talvez eu não tenha me expressado bem. Não quis dizer que a questão da masturbação fosse o conversar a respeito, queria apenas citar essa diferença entre homens e mulheres como algo que talvez tenha alguma influência na nossa percepção da opinião das pessoas sobre a masturbação. Concordo que o tabu em relação à masturbação feminina seja maior que o tabu em relação à masturbação masculina. Mas ainda existe para os homens um pouco de tabu imposto pela religião, eu mesmo fui criado numa religião que condenava igualmente a masturbação masculina e feminina, embora eu nunca tenha dado importância pra essa condenação porque pra mim ela não fazia nenhum sentido. Acho que a forma de encarar esses tabus tem mais a ver com a personalidade do que com o gênero da pessoa. A masturbação pra mim faz parte da minha intimidade, é independente das opiniões externas. Mas aí talvez entre aquela diferença entre homens e mulheres da necessidade de conversar com outras pessoas. Nunca senti a necessidade de conversar com ninguém sobre masturbação. Acho que se eu fosse mulher eu teria vivenciado a masturbação da mesma forma que vivenciei como homem, mas talvez tivesse sofrido mais por sentir a necessidade de conversar sobre isso com outras pessoas e não conseguir. Outra coisa que deve fazer diferença: acho que para os homens a masturbação é mais fácil, basta uma Playboy e a coisa acontece sem muita dificuldade. Acho que é mais difícil que opiniões externas atrapalhem o homem. Pelo que eu saiba pra mulher é um pouco mais complicado, uma G Magazine não tem muita utilidade e talvez opiniões externas a atrapalhem mais. Tenho uma impressão diferente da sua em relação a opinião dos homens sobre as mulheres se masturbarem, e vice-versa. Acho que muitos homens acham legal mulheres que se masturbam e muitas mulheres não acham legal o homem se masturbar, como se ele fosse um fracassado por não estar se satisfazendo com uma mulher. Enfim, são apenas impressões, posso estar enganado em tudo isso. Não nego que o tabu desse assunto para as mulheres é maior que para os homens, mas acho que as coisas são mais complexas um pouco.
ResponderExcluirOw Iara, perdoe-me. Eu só quero chamar você de Lara, mas já me convenci que é Iara. UHASUHAUSHAUHS
ResponderExcluirÉ, eu tenho 19 anos apenas. =) E eu só cheguei a ver o primeiro filme. Mas creio que tenha ajudado mesmo, né?!=*