domingo, 14 de outubro de 2012
Mudamos
Achei que a poderia aproveitar as mudanças e mudar o blog também. Agora eu escrevo aqui, ó: http://foifeitopraisso.wordpress.com/. Pensei em deletar os posts antigos, recomeçar do zero, nova fase, etc e tal, mas não. Eu ainda sou eu. ;)
sexta-feira, 24 de agosto de 2012
A Feira da Praça Kantuta
Domingo passado eu e Daniel almoçamos na Feira da Praça
Kantuta. A feira acontece todos os domingos no Pari, exatamente enfrente ao
lugar onde cursei o Ensino Médio, que hoje se chama Instituto Federal de
Educação Tecnológica – mas que eu chamo carinhosamente só de “a Federal”
(porque na minha época era “a escola”, não “o instituto”).
Mas na minha época não havia feira e a praça sequer tinha
esse nome. E não tenho a menor ideia de como a praça se chamava. A Praça
passou a chamar-se Kantuta há uns 10 anos, quando começou a feira, uns 4
ou 5 anos depois de eu deixar a escola. Katuta é a flor que empresta
suas cores para a bandeira da Bolívia. Na Praça funciona um centro de apoio aos
imigrantes bolivianos, que passaram a montar barracas de comidas típicas (pra
serem consumidas lá ou ingredientes para prepará-las) e a coisa foi crescendo. Eu já sabia da existência dessa feira há algum tempo, pensava
em conhecê-la, mas foi uma matéria no caderno de comida do Estadão (estamos
recebendo o jornal de a graça em casa por um mês, aquelas promoções pra te
convencerem a assinar) que me levou a finalmente visitá-la.
Quando chegamos, aquela coisa linda. Uma praça que
provavelmente estaria triste e meio abandonada sendo tomada pelas pessoas, sendo vivida. Crianças correndo entre as barracas enquanto os seus pais
trabalham ou se divertem. Comoveu-me especialmente por ser tomada por uma
população marginalizada, como são os imigrantes bolivianos.
É claro que como futura imigrante latino-americana em terras
estrangeiras sou suspeitíssima pra falar. Mas eu nunca entendi mesmo a
xenofobia. Se as pessoas vêm pra cá se sujeitar a condições de trabalho terríveis
é porque a economia, como funciona hoje, absorve isso. Eu me lembro dos meus
pais contando como tem gente que se escandaliza com a sugestão de que
funcionários da saúde pública aprendam um pouco de espanhol pra atenderem esta
população. Acham um absurdo que o dinheiro público seja investido para atender
imigrantes muitas vezes ilegais. Como se eles não pagasse ICMS cada
vez que compra uma lata de óleo ou pegam o metrô pra ir lá se divertir na praça
aos domingos. Gente que acredita piamente que o estado de bem estar social da Escandinávia
é só mérito deles, não tem absolutamente nada a ver com a pobreza, sei lá, das
Filipinas. Como se o mundo não fosse uma coisa só e as pessoas não tivessem o
direito de tentarem se defender com alguma dignidade seja onde for.
Sou muito tímida (acreditem) pra puxar assunto com quem eu
não conheço. Queria saber se as moças da barraca de comida onde comemos o
majadito (uma carne desfiada com molho no arroz, servida com banana assada, ovo
frito e mandioca – gostoso, mas nada demais) trabalham em fábricas de segunda a
sábado, como acredito. Acho que há muita gente ali nessa situação, trabalhando
de segunda a segunda, tentando conseguir no domingo algum dinheiro pra guardar
ou enviar pra família, o que seria difícil demais só com o salário. Mas elas
estavam muito ocupadas e eu fiquei com medo de ser invasiva.
Voltando a feira em si, fica lá uma espécie de animador com o
microfone dizendo coisas em um espanhol quase incompreensível de tempos em
tempos. Há barracas com milhos dos mais variados formatos. Batatas brancas e
rajadas, pacotes de erva mate e cerveja Paceña, pão de milho. Nossa entrada foi
uma salteña deliciosa em uma das barracas mais “ricas”: Don Carlos tem uma
barraca enorme e aparece gente pra comprar caixar enormes de salteñas e levar
pra casa. Pelo capricho das embalagens pra viagem, imagino que ele seja o primo próspero do lugar. Compreensível, dada a qualidade da salteña.
Uma coisa nos chamou demais a atenção: três ou quatro tendas
de “peluquería”, ou seja, cabelereiros. Pela extravagância dos penteados das fotos
do lado de fora, imagino que a necessidade do serviço apareceu não só pelos
preços praticados aqui, mas pela dificuldade de comunicação enquanto as
expectativas de resultados (eu já cortei cabelo fora do país, dá um pouco de
medo mesmo).
Por fim, outra curiosidade: tendas com publicidade da Western
Union. Até ir pra França eu sequer sabia o que era Western Union, porque seu
principal negócio é a comissão sobre as remessas de imigrantes para seu país de
origem. E o Brasil do crescimento econômico passou a receber muitos imigrantes.
Vemos todos os dias notícias de estrangeiros vindo tentar a sorte aqui. Entre eles
europeus super qualificados. Mas jovens brancos de classe média alta são sempre
bem recebidos, né? Já os bolivianos pobres cujos traços não escondem sua etnia
são vistos com desdém (racistas? nós?).
Eu acho mesmo um alívio que eles tenham
encontrado um espaço nessa cidade tão hostil, que a Praça Kantuta possa
acolhê-lhos, em uma cidade que não acolhe os pobres, mesmo os nascido aqui. Transformaram
a Praça Kantuta em um espaço tão rico e oferecem diversidade cultural a uma cidade
tão intolerante. Plantam kantuta colorida no concreto (clichês cafonas, trabalhamos). Como não ser grata?
sábado, 4 de agosto de 2012
Efeito Borboleta ou “como você se imagina daqui a 5 anos?”
Ontem, comendo uma pizza e tomando vinho com o Daniel, tive um insight do quanto me parecia surreal a conversa que estávamos tendo. O cenário era absolutamente banal, mas o conteúdo trazia a ansiedade das mudanças que nossa vida vai sofrer mudanças. Muitas mudanças. (disclaimer: quando uma mulher como eu - cissexual, hetero, casada há um tempo e balzaquiana - diz que tem mudanças GERAL pensa que é gravidez, mas não é).
Enfim. Disse pra ele que a vida era um conjunto de dias, e fiquei tentando lembrar de todas as varíaveis envolvidas no que estamos vivendo, dia após dia. Pensei naqueles filmes que começam com os personagens em alguma situação, e voltam na história pra explicar como chegaram até ali. E acabo de lembrar que um dos meus romances preferidos na vida, o “Cem anos de solidão”, começa exatamente assim, com o pelotão de fuzilamento do Aureliano Buendía, e depois volta pra toda a história da família.
Daí pensei que, se minha vida fosse contada assim, queria começar pela crise de choro convulsivo que tive na sala de embarque no aeroporto do Galeão, no Rio, perto das 14h00 da última segunda-feira, dia 30 de julho. Nenhuma tragédia acontecendo, apenas o resultado da comoção após a leitura de um e-mail enviado por uma pessoa especial na minha vida (vejam bem, não fosse a popularização dos smartphones nos últimos anos, nem ler e-mail no aeroporto eu estaria lendo). E aí me peguei pensando em como eu estava 5 anos antes da última segunda-feira. Em como seria interessante se 5 nos atrás eu pudesse me ver naquela situação, como uma bola de cristal mesmo, sabem?
30 de julho de 2007. Pensei em tentar recuperar meus e-mail no gmail mas, oi, preguiça. Mas eu estava desempregada. Tinha voltado da França há menos de um ano. Depois de voltar, trabalhei como assistente do diretor financeiro de uma montadora francesa, emprego que eu só consegui porque falava francês fluentemente. Era um contrato temporário de 6 meses, porque estavam de mudança pro Rio. Como meu chefe adorava meu trabalho, queria que eu me mudasse pro Rio com o resto da equipe. E eu queria também, porque já não aguentava viver na casa dos meus pais. Não por eles, mas aos 27 anos, esse papel de filha, de viver numa casa que não é a minha, já tinha me cansado. Mas veio a frustração: o RH me ofereceu um salário ridículo pra me contratar (como temporária, eu era terceirizada até então), o diretor disse que não podia interferir nas políticas do RH, e eu não fui.
Isso foi em junho. Eu só encontraria outro emprego em novembro. Neste meio tempo, meu incômodo aumentou de uma maneira que tornou impossível minha convivência na casa dos meus pais. Saí de lá poucas semanas antes de conseguir outro emprego, disposta a viver das minhas economias em uma pensão enquanto o emprego bacana não aparecesse. Mas o acaso premiou minha ousadia e colocou no meu caminho um emprego que eu detestava, mas pagou as minhas contas até eu conseguir coisa melhor. E eu pude mudar pra um lugar muito bacana, mas absolutamente “pelado”: dormi a primeira noite em um saco de dormir, fiquei mais de 1 mês sem geladeira (acesso à internet? HAHAHAHAHAHA).
Pouco tempo depois conheci o Daniel em uma festa de uma ex-colega daquela montadora. E bom, conhecer o Daniel muda toda minha história. Marca todas as decisões. Concluo então que trabalhar na montadora por 6 meses me serviu para 1) criar a série de eventos que me levariam a conhecê-lo, 2) aumentar a minha frustração a ponto de finalmente virar a mesa e ir cuidar da minha vida. Mas eu não teria ido trabalhar nessa montadora se não tivesse ido viver na França. E talvez (porque aí é só suposição mesmo) não tivesse ido viver na França se meu melhor amigo, que eu conheci no colégio técnico, não tivesse ido fazer a mesma coisa uns anos antes e me incentivado tanto ao voltar. E eu não teria saído da escola particular pra estudar na escola técnica federal se meu pai não tivesse ficado desempregado em 1994.
Enfim. Dei uma viajada agora. Mas tem mais coisa. Tem esse blog, criado em outubro de 2009 sem maiores pretensões e que mudou minha vida, porque trouxe gente incrível demais. Não haveria a crise de choro convulsivo no aeroporto se não houvesse o blog, porque a pessoa que me comoveu chegou até mim por conta dele. E, desculpem as outras todas, mas só por ela esses cento e tantos posts (nem é tanta coisa assim) já teriam valido a pena. Mas não. Tem ela, e tem mais um batalhão, uma festa de gente linda, bacana, que chegou aqui porque curtiu meu texto. Sou grata demais a mim mesma por tê-lo criado.
Em 30 de julho de 2007 eu estava muito frustrada, e ansiosa pra que minha vida se encaminhasse. Em 30 de julho de 2012 as lágrimas são ligadas a intensidade do rumo maravilhoso que as coisas tomaram. O que só me deixa curiosa para 30 de julho de 2017. Mas a vida é uma sucessão de dias, um de cada vez, e hoje é dia de comer pastel na feira. Bom sábado! =)
sábado, 7 de julho de 2012
Memórias gastronômicas de um relacionamento estável
Fui à feira sozinha e na barraca do pastel me dei conta de
que se um dia a gente terminar, vou sempre lembrar que seu preferido é pizza
(eu cada semana pego um diferente). Se um dia a gente terminar, vou lembrar que
além do pastel do sábado, você come também o pastel da feira de quinta-feira,
a caminho do trabalho, como café da manhã. Vou me lembrar também que seu café
da manhã é, boa parte das vezes, só café e cigarros – que às vezes você
varia pra um suco cítrico, o que também não é nada bacana pro estômago (eu e minha
gastrite ficamos inconformadas).
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você não achava o jantar importante até me conhecer e eu te deixar claro que, se eu não tivesse companhia pra jantar, ficava sozinha. E lembrar que sua resposta foi um suspiro seguido por “beleza. então vou comer menos no almoço”.
Se a gente terminar vou lembrar que você não é muito fã de doces, mas que a vó Erci no seu aniversário faz uma torta de morango pra você e a outra pros convidados. E que eu já levei bronca por comer um pedaço da sua. E vou lembrar do seu apreço pelas papinhas de frutas industrializadas (mas eu sei, você disse que já enjôou delas faz um tempo). Vou lembrar que você e sua família joseense me apresentaram ao bolinho caipira (é bem bom bolinho caipira).
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você não gostava de coentro quando a gente se conheceu, e hoje come até na salada. Vou lembrar que você gosta tanto da comida da minha mãe que já foi até lá meio brigado comigo só pra filar o almoço. Mas também vou me lembrar que você é um chato que não gosta de abóbora, nem do doce da minha mãe (melhor, sobra mais). E também não é lá muito fã de mandioquinha (que pra mim é o paraíso em forma de legume). Ai, também não gosta de grão-de-bico, acabei de me lembrar. Porra, você é MUITO chato.
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você gosta de cervejas em geral, e da Guinness em especial. E lembrar que os anos na Alemanha o fizeram gostar daqueles salsichões que eu acho sem graça. E que gosta de joelho de porco, e de purê de batata com salsicha.
Se um dia a gente terminar, vou lembrar que temos planos de viagens gastronômicas para o Peru e para o Sudeste Asiático. Pode ser que a gente só termine depois de fazer essas viagens, que hoje ainda parecem tão distantes. Mas a viagem de carro até Ushuaia também parecia um sonho distante e a gente realizou. E nem era uma viagem gastronômica, mas comemos muito bem em alguns lugares (e pessimamente em outros).
Se um dia a gente terminar, vou lembrar que nós dois engordamos desde que nos conhecemos. E que todos esses quilos foram feitos de muito prazer. Vou me lembrar que apesar de eu estar rechonchuda pra mais, você continua dizendo que eu sou gostosa – e se a gente é o que a gente come, eu devo ser mesmo, modéstia às favas.
Se um dia a gente terminar vou me lembrar de uma relação tão deliciosa que não tem porque terminar. Eu não quero que termine. Acho que nem você, né?
quinta-feira, 21 de junho de 2012
O discurso normalizante
O que há em comum entre a minha monografia sobre políticas
públicas para pessoas com mobilidade reduzida (que se se arrasta como uma
lesma, mas não está parada), a polêmica sobre o parto em casa e os obstáculos
que homens e mulheres transexuais enfrentam para terem sua identidade aceita
reconhecida? Todas tem o discurso médico como condutora de políticas públicas.
Eu sempre me interessei por política. E acompanhando o
processo eleitoral nos últimos anos, os noticiários de TV, sempre notei que a
Economia tinha um papel decisivo nas macro decisões. A Economia é o deus mais
importante da política. Então eu tinha vontade de estudar Economia não porque o
assunto de fato me interessasse tanto, mas porque queria comer o fruto da
árvore do bem e do mal, queria ter conhecimento técnico pra afirmar que dá pra
conduzir o mundo de outro jeito. Enfim, não fiz Economia, fiz Letras, e os
motivos interessam mais a minha analista do que a vocês, acreditem. Mas não deixei de me interessar por política nunca, jamais,
em tempo algum, embora político partidário às vezes me cause mais sono do que revolta,
como seria de se esperar (Maluf? Erundina? So eighties, honey!).
Daí chego a minha monografia. E me dou conta de que há
produção em ciências sociais sobre as dificuldades cotidianas das pessoas com
deficiência é muito restrita. Mas chego a isso já depois de ser apresentada a
questão da deficiência como problema social. Há uma sociedade que teima em discriminar
tudo o que não se enquadra num padrão, regido, entre outras coisas, pelas
exigências do mercado de trabalho. Mas o discurso que sempre se usou para se
olhar para as pessoas com deficiência é o médico. De que as pessoas precisam
ser curadas ou reabilitadas. Vira uma questão pessoal que restringe a inclusão
ao indivíduo. É um ponto de vista que vem sendo combatido nos últimos anos, mas
continua muito forte. Tanto que para ter acesso a algumas políticas de
inclusão, é necessário um laudo médico. Não basta o testemunho ocular da
deficiência física. É o médico quem deve atestá-la.
A questão dos direitos das pessoas transexuais é análoga em
muitas coisas. Outro dia vi que um juiz autorizou uma pessoa trans a mudar seus
documentos sem passar por nenhum processo cirúrgico, mas isso é muito raro – e
claro, implicou gastos com processo judicial que não são acessíveis a toda a
população. No geral, pessoas que se identificam com um sexo diferente do que
foi atestado no nascimento são submetidas a um pesado e desumano escrutínio
psicológico. Sua diversidade é patologizada com a desculpa de tornar possível
sua inclusão numa sociedade que não aceita a diferença. Não é possível mulher
com pênis: se tem pênis e “quer ser” mulher é doente, e vai ser estigmatizado
como doente por anos até poder ter acesso a uma cirurgia que “corrija” o que
está errado. Daí podemos pensar no caso de mudar os documentos e poupar de uma
série de constrangimentos. Mas se não se enquadrar no que o discurso padrão
acredita ser uma mulher alfa, você é só um homem meio estranho mesmo. Não
insista. (¹)
Chegamos ao parto. O que alguém pode dizer que é diferente,
que é claramente uma questão de saúde. E não nego que seja também, mas não é só isso. E o post é sobre essa
hegemonia do discurso médico. Que o parto é anterior a medicina, acho que é
fato histórico incontestável. É claro que o número de óbitos era alto, ninguém
vai negar. Este não é um post pra falar mal da medicina, muito menos de cesarianas,
porque são conquistas importantíssimas para humanidade. A questão é que
transformou-se o parto em um procedimento obrigatoriamente médico. A presença
de um médico deixa de ser um direito e passa a ser mandatória para um parto com
segurança.
Misturei um monte de coisas, porque o que eu tenho pensado é
sobre como os médicos passaram a ser sacerdotes dos comportamentos, tal qual os
economistas são para as grandes decisões políticas. Porque o nosso olhar sobre
o outro, esteja se locomovendo em uma cadeira de rodas, esteja adotando uma identidade
diferente da designada em seus documentos, é um construto social, mas chamamos
os médicos para nos socorrerem sempre que este outro sai do que consideramos
“normal”. Poderíamos chamar um poeta, um filósofo, poderíamos achar que urgente
é construir empatia. Mas achamos mais urgente rotular, enquadrar, fazer caber no nosso modelo de mundo, de normalidade, de civilização.
(¹) Mencionei o pessoal trans sem me aprofundar demais, porque não tenho condições. Espero não ter sido leviana e que tenha ficado claro que as aspas aí significam não o que eu penso, mas um senso comum. Estou pronta a me desculpar caso tenha ofendido alguém.
terça-feira, 15 de maio de 2012
Os novos rumos do menino Poizé – ou sobre carros, de novo
Ano passado escrevi dois posts muito comentados (pros padrões deste blog modesto)
sobre nossa decisão de ficar sem carro. Alguns meses depois, fizemos um novo
contrato de leasing e trouxemos para garagem Poizé, nosso meio de transporte
durante a maravilhosa jornada até Ushuaia. Essa semana o contrato acabou e,
depois de nos servir tão bem, de rodar por tantas estradas de terra nos confins
da Argentina, de ter a porta quase arrancada pelo vento patagônico, nosso
companheiro de aventuras volta pra concessionária da marca (nota: propaganda de
graça, não trabalhamos). Ficamos aqui imaginando que se ele pudesse falar, ia
contar vantagem para os coleguinhas: “Qual o lugar mais longe que você já foi?
UBATUBA? Se liga, ô, cruzei os Estreito de Magalhães de balsa. Vai lá no mapa
ver onde fica e depois a gente conversa.”
Menino Poizé, todo trabalhado no uso sustentável - aka capacidade máxima |
Mas voltar a ficar sem carro me fez reler os posts e repensar
algumas questões. Semana passada estive em Brasília em um seminário da Capes sobre os problemas da metropolização brasileira. E em algum momento,
perguntaram ao professor Carlos Correia da Fonseca, da Universidade Tecnica de
Lisboa, o que ele achava de medidas punitivas para o uso do carro. E ele se
incomodou muito com o termo “punitivas”. Para o expositor, o carro é uma conquista
do nosso desenvolvimento, não é um vilão. O problema do carro é que, da maneira
como é usado, traz grandes prejuízos de maneira coletiva para alguns benefícios
privados.
Explicando melhor. No post do ano passado, falei sobre os
custos de se manter um carro. De que achava caro e tal. Mas a questão é que o
carro ainda é mais barato para seu proprietário do que para o resto da
sociedade – incluindo aí as pessoas que nunca vão ter carro na vida. Ano
passado mencionei, por exemplo, que o IPVA tributa a propriedade, mas não o
espaço que você “empata” quando deixa o carro estacionado na rua. Mas esse é um
exemplo bem primário. Nem o IPVA, nem o ICMS sobre o combustível é suficiente
pra cobrir os gastos públicos com as doenças causadas pela poluição. Tenho
minhas dúvidas também se o DPVAT, o seguro obrigatório, dá conta de todo o ônus
a longo prazo gerado pelos acidentes e mortes no trânsito (embora ele exista pra
cobrir despesas imediatas), mas como não tenho esses dados aqui a mão, deixo só
o questionamento mesmo.
Bom, daí alguém pode argumentar que esses ônibus caindo aos
pedaços que circulam pela cidade emitindo fumaça preta são mais poluentes do
que carros novos com catalisadores. Mas além da questão óbvia de que um ônibus
transporta muito mais gente, qualquer cidadã(o) tem o direito de se utilizar do
transporte público, tendo inclusive gratuidade garantida em alguns (poucos)
casos. Carros particulares são de uso... particular. E, do ponto de vista do
pagamento de tributos, não faz diferença se você circula no seu carro todo dia
sozinho ou se apenas leva a família pra passear com o carro cheio nos finais de
semana (uso muito mais sustentável). Não se tributa o uso, mas a posse. Há
alguma tributação indireta por meio do ICMS dos combustíveis, mas de novo, em
termos de prejuízos coletivo é completamente diferente usar o carro
individualmente nos horários de pico de segunda a sexta e fazer um passeio com
a família aos sábados, embora os trajetos possam ser equivalentes.
Então um desafio da gestão pública é esse, entender que o
transporte individual gera um ônus social muito grande pra que este custo não
seja captado integralmente de forma privatizada, já que não é justo obrigar
quem não se locomove assim a arcar com esta despesa. E claro, oferecer
alternativas sustentáveis que desestimulem o uso do automóvel, pra que as
pessoas até comprem um se lhes for conveniente, mas sintam que não é vantajoso
utilizá-lo em todos os momentos. Menino Poizé saía de casa para visitar meus pais no
outro lado da cidade aos domingos, ir a São José do Campos, onde vivem os pais
do Daniel, em outros finais de semana, majoritariamente. Umas poucas e raras vezes (não devem ter
chegado a 20 em uma ano) fez o trajeto Pinheiros-Berrini (ou seja,
casa-trabalho). Além, é claro, de ter ido até Ushuaia e voltado.
sexta-feira, 27 de abril de 2012
Intertextualidade
Curto muito reconhecer intertextualidades não expressas. Porque algumas influências são declaradas, ms outras podem gritar na nossa frente sem que a gente se dê conta. E eu fico me achando sabida quando mato algumas charadas, porque daí eu me convenço que ok, eu tenho uma bagagenzinha, dá pra brincar de espertona.Vejam bem, não tô falando de reconhecer que "Cosmotron", do Skank, é clube da Esquina e Beatles batidos no liquidificador. Isso salta aos olhos mesmo. Mas por exemplo, o Chico escreveu Budapeste. E tá lá todo o sofrimento do protagonista para aprender húngaro. E bom, tinha o Paulo Rónai, parceiro do Aurélio (o do dicionário) em alguns trabalhos, que imigrou pro Brasil e escreveu um livro chamado Como aprendi português. Que eu não li, aliás, mas sei que existe. O Paulo Rónai e o Aurélio Buarque de Hollanda são os organizadores de uma coletânea de contos esgotada na editora, que se chama Mar de Histórias, e de vez em quando entro num sebo virtual e compro um volume dela pra mim. São nove, acho que eu tenho uns quatro (e acho que até já contei tudo isso aqui). Então taí, o Chico com certeza leu Paulo Rónai e talvez tenha até conversado com o próprio sobre isso, ainda que o livro tenha sido publicado 10 anos depois da morte do tradutor e crítico húngaro.
Mas, enfim, tem nada a ver com Budapeste o post. Eu adoro novela. E, desculpe aí a pretensão (hoje eu tô insuportável, eu sei), faço análise de texto, enredo e composição de personagem. Assisto novela com muita atenção. E a novela das nove é um sucesso, super bem escrita, curto muito. Eu já tava encucada que a protagonista, Nina, tinha muito da Lisbeth Salander: a sede de vingança, a magreza andrógina e até a moto. Tava claro pra mim que uma das fontes era essa. Daí hoje, enquanto eu estava procrastinando a faxina, me caiu a ficha da outra influência:
Não tenho certeza absoluta. Mas a Nina da novela tem uma leveza, uma elegância e um refinamento que, óbvio, não são da Lisbeth. Além de ser culta, emprestar livros para o patrão, ele é chefe de cozinha. Ela tem um gosto elitista que contrasta com sua temporada no lixão e, principalmente, com os hábitos suburbanos dos patrões. E bom, balé clássico é algo bem elitizado. Além do nome, as protagonistas do filme e da novela tem em comum o conflito interno. A Nina do filme era reprimida, quase asséptica de tão disciplinada, e tinha uma dificuldade enorme de externalizar seus sentimentos. A Nina da novela reconhece e externaliza, mas tá lá sofrendo, entre Eros e Tânatos. E é esse todo o mote da novela, se haverá final feliz e rendenção, se Eros vai vencer. Até agora acho que a Nina tem toda a cara de personagem que morre no final, mas acho que um autor tem que ser corajoso demais pra fazer isso com sua protagonista.
Eu posso estar viajando, né? Claro que posso. Mas vocês não tem noção do quanto eu curto reconhecer essas coisas. Sabe criança que encontrou o ovo de páscoa escondido pelo coelhinho. Então. Desse jeito.
Mas, enfim, tem nada a ver com Budapeste o post. Eu adoro novela. E, desculpe aí a pretensão (hoje eu tô insuportável, eu sei), faço análise de texto, enredo e composição de personagem. Assisto novela com muita atenção. E a novela das nove é um sucesso, super bem escrita, curto muito. Eu já tava encucada que a protagonista, Nina, tinha muito da Lisbeth Salander: a sede de vingança, a magreza andrógina e até a moto. Tava claro pra mim que uma das fontes era essa. Daí hoje, enquanto eu estava procrastinando a faxina, me caiu a ficha da outra influência:
Não tenho certeza absoluta. Mas a Nina da novela tem uma leveza, uma elegância e um refinamento que, óbvio, não são da Lisbeth. Além de ser culta, emprestar livros para o patrão, ele é chefe de cozinha. Ela tem um gosto elitista que contrasta com sua temporada no lixão e, principalmente, com os hábitos suburbanos dos patrões. E bom, balé clássico é algo bem elitizado. Além do nome, as protagonistas do filme e da novela tem em comum o conflito interno. A Nina do filme era reprimida, quase asséptica de tão disciplinada, e tinha uma dificuldade enorme de externalizar seus sentimentos. A Nina da novela reconhece e externaliza, mas tá lá sofrendo, entre Eros e Tânatos. E é esse todo o mote da novela, se haverá final feliz e rendenção, se Eros vai vencer. Até agora acho que a Nina tem toda a cara de personagem que morre no final, mas acho que um autor tem que ser corajoso demais pra fazer isso com sua protagonista.
Eu posso estar viajando, né? Claro que posso. Mas vocês não tem noção do quanto eu curto reconhecer essas coisas. Sabe criança que encontrou o ovo de páscoa escondido pelo coelhinho. Então. Desse jeito.
terça-feira, 17 de abril de 2012
quinta-feira, 19 de janeiro de 2012
Tchau, gente! VEM, GENTE!
Saio hoje em viagem de férias e este blog vai ficar paradão neste tempo. Eu sei, ninguém vai me perguntar nada, porque já passei mais de dois meses sem dar as caras aqui. Sou mesmo bissexta pra escrever e já ninguém estranha mais. Mas se quiserem saber as notícias da viagem, me procurem aqui, ó: http://naoeofimdomundo.wordpress.com/
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
Indignação seletiva ou dessensibilização coletiva?
Há algumas semanas houve uma grande comoção pública gerada pelo vídeo que mostrava uma mulher torturando até a morte um cachorrinho. Até eu, que nunca tive um animal de estimação, que nunca fui especialmente ligada a animais e sequer assisti “Marley e eu”, fiquei chocada com a crueldade que as imagens denunciavam. Não endossei o discurso do empalamento em praça pública (dentre outras modalidades de pena de morte mais ou menos civilizadas exigidas pela turba), mas acho que essa senhora deve responder pelo crime que cometeu, claro.
Semana passada recebi links no Facebook e no twitter que denunciavam o assassinato de uma criança indígena por madeireiros no Maranhão. A corpo da criança foi encontrado carbonizado. Ante as diversas dúvidas de quem não encaminhava o link com a notícia e o ceticismo daqueles que pediam confirmação por mais fontes, alguns começaram a dizer que uma criança indígena teria menos valor na nossa sociedade do que um cachorrinho de raça. Mas em algum momento na minha timeline a pergunta que me parece mais certeira neste caso (e que eu não vou lembrar quem fez, desculpem): “Quantas crianças indígenas sem vídeo valem um yorkshire com vídeo?”
Ninguém me convence que as pessoas (pelo menos a imensa maioria delas), não se sensibilizariam com a história de uma criança assassinada como se sensibilizaram com a do cachorro. Mas o vídeo é o “x” da questão. O vídeo cristaliza e eterniza o sofrimento do pobre animal. A gente pode dar replay e a cada vez prestar atenção num detalhe sórdido diferente: a voz da agressora, que há uma criança ao fundo, até a cor dos azulejos. Pode se perguntar quem o filmou. Pode construir todo o cenário que nos prova que isso aconteceu ante a nossa descrença.
Mas falemos do índio. Por mais que nos gere indignação, sabemos que muitas crianças são vítimas de torturas dentro de casa, e muitas morrem por isso. Então, fosse a notícia que uma criança foi assassinada pelos pais, a comoção seria grande, mas não haveria muito lugar para descrença. A violência doméstica faz parte do nosso universo, das coisas que nos revoltam mas estão aí, no mundo. Agora qual o percentual de pessoas que acessa a internet e repercutiu a história do cachorro que entende os conflitos que acontecem entre indígenas e aqueles que querem explorar suas terras cotidianamente no país? Ínfima, com certeza. Das bem informadas, das que sabem que lideranças indígenas e operárias são assassinadas diariamente, quantas não acham que atear fogo numa criança ainda viva (foi assim que a notícia chegou pra mim) é barbárie demais até pra este mundo tão triste? Porque o ceticismo passa por aí: ninguém quer acreditar. Esperando essa confirmação absoluta, essa fonte mais-do-que-confiável, podemos fingir que vivemos num mundo em que nem o mais cruel dos homens queimaria uma criança.
Daí vem o problema. Essa criança morta não vai ter vídeo testemunhando. Como não têm vídeo pra servir-lhes de testemunha cada criança que morre de fome, cada mulher estuprada, cada vítima de violência doméstica. As mortes de crianças vítimas de conflitos armados não são transmitidas ao vivo, como foram os atentados de 11 de setembro. E claro que não ignoro a variante da identificação da classe média que faz com que a notícia de um assassinato cometido durante um assalto num semáforo seja percebida de uma maneira completamente diferente da chacina de 8 jovens na periferia. Mas ela só reforça a minha tese: só têm o benefício da empatia aqueles cujas vozes repercutem.
Aprendemos na escola que o ocorrido com a humanidade antes da invenção da escrita é difícil de se conhecer porque não ficou registrado, daí chamar-se pré-história. Com certeza havia muito que contar, e perdemos uma parte importante do nosso passado por falta de registro na medida em que hierarquizamos o registro escrito como mais confiável para reproduzir a realidade do que a transmissão oral. Acredito que estamos vivendo algo parecido com as imagens hoje: se uma imagem vale mais do que mil palavras, não basta me contarem o que aconteceu. Não basta um e-mail, uma denúncia formal. Pra que eu fique indignada, preciso de imagens, senão simultâneas, pelo menos posteriores, uma foto da vítima, algo que sensibilize. Mas nos esquecemos que mesmo imagens podem ser tiradas do seu contexto, adulteradas, manipuladas. Isso acontece o tempo todo, confiar cegamente em imagens também nos induz ao erro.
Pra mim a única solução para minimizar a injustiça causada pela hierarquização das informações que chegam a nós é a democratização do acesso à informação. Conheci pelas Blogueiras Feministas o trabalho do Intervozes, que está engajado nessa luta. Recomendo muito o vídeo deles sobre a concentração da mídia no Brasil:
Porque se não acredito que as pessoas se importem menos com uma criança do que com um cachorro tenho certeza de que uma criança indígena é menos representada pela mídia do que bichinhos de estimação de classe média. E isso faz muita diferença para a nossa construção de mundo.
Semana passada recebi links no Facebook e no twitter que denunciavam o assassinato de uma criança indígena por madeireiros no Maranhão. A corpo da criança foi encontrado carbonizado. Ante as diversas dúvidas de quem não encaminhava o link com a notícia e o ceticismo daqueles que pediam confirmação por mais fontes, alguns começaram a dizer que uma criança indígena teria menos valor na nossa sociedade do que um cachorrinho de raça. Mas em algum momento na minha timeline a pergunta que me parece mais certeira neste caso (e que eu não vou lembrar quem fez, desculpem): “Quantas crianças indígenas sem vídeo valem um yorkshire com vídeo?”
Ninguém me convence que as pessoas (pelo menos a imensa maioria delas), não se sensibilizariam com a história de uma criança assassinada como se sensibilizaram com a do cachorro. Mas o vídeo é o “x” da questão. O vídeo cristaliza e eterniza o sofrimento do pobre animal. A gente pode dar replay e a cada vez prestar atenção num detalhe sórdido diferente: a voz da agressora, que há uma criança ao fundo, até a cor dos azulejos. Pode se perguntar quem o filmou. Pode construir todo o cenário que nos prova que isso aconteceu ante a nossa descrença.
Mas falemos do índio. Por mais que nos gere indignação, sabemos que muitas crianças são vítimas de torturas dentro de casa, e muitas morrem por isso. Então, fosse a notícia que uma criança foi assassinada pelos pais, a comoção seria grande, mas não haveria muito lugar para descrença. A violência doméstica faz parte do nosso universo, das coisas que nos revoltam mas estão aí, no mundo. Agora qual o percentual de pessoas que acessa a internet e repercutiu a história do cachorro que entende os conflitos que acontecem entre indígenas e aqueles que querem explorar suas terras cotidianamente no país? Ínfima, com certeza. Das bem informadas, das que sabem que lideranças indígenas e operárias são assassinadas diariamente, quantas não acham que atear fogo numa criança ainda viva (foi assim que a notícia chegou pra mim) é barbárie demais até pra este mundo tão triste? Porque o ceticismo passa por aí: ninguém quer acreditar. Esperando essa confirmação absoluta, essa fonte mais-do-que-confiável, podemos fingir que vivemos num mundo em que nem o mais cruel dos homens queimaria uma criança.
Daí vem o problema. Essa criança morta não vai ter vídeo testemunhando. Como não têm vídeo pra servir-lhes de testemunha cada criança que morre de fome, cada mulher estuprada, cada vítima de violência doméstica. As mortes de crianças vítimas de conflitos armados não são transmitidas ao vivo, como foram os atentados de 11 de setembro. E claro que não ignoro a variante da identificação da classe média que faz com que a notícia de um assassinato cometido durante um assalto num semáforo seja percebida de uma maneira completamente diferente da chacina de 8 jovens na periferia. Mas ela só reforça a minha tese: só têm o benefício da empatia aqueles cujas vozes repercutem.
Aprendemos na escola que o ocorrido com a humanidade antes da invenção da escrita é difícil de se conhecer porque não ficou registrado, daí chamar-se pré-história. Com certeza havia muito que contar, e perdemos uma parte importante do nosso passado por falta de registro na medida em que hierarquizamos o registro escrito como mais confiável para reproduzir a realidade do que a transmissão oral. Acredito que estamos vivendo algo parecido com as imagens hoje: se uma imagem vale mais do que mil palavras, não basta me contarem o que aconteceu. Não basta um e-mail, uma denúncia formal. Pra que eu fique indignada, preciso de imagens, senão simultâneas, pelo menos posteriores, uma foto da vítima, algo que sensibilize. Mas nos esquecemos que mesmo imagens podem ser tiradas do seu contexto, adulteradas, manipuladas. Isso acontece o tempo todo, confiar cegamente em imagens também nos induz ao erro.
Pra mim a única solução para minimizar a injustiça causada pela hierarquização das informações que chegam a nós é a democratização do acesso à informação. Conheci pelas Blogueiras Feministas o trabalho do Intervozes, que está engajado nessa luta. Recomendo muito o vídeo deles sobre a concentração da mídia no Brasil:
Porque se não acredito que as pessoas se importem menos com uma criança do que com um cachorro tenho certeza de que uma criança indígena é menos representada pela mídia do que bichinhos de estimação de classe média. E isso faz muita diferença para a nossa construção de mundo.
sexta-feira, 6 de janeiro de 2012
2012 e seus desafios
No post anterior falei sobre medo. Nem imaginava que menos de um mês após publicá-lo eu veria alguém próximo a mim ter um medo concretizado: a vida transformada de maneira dramática no que deveria ser o momento de pura felicidade. Deixo aqui o relato dos cunhados da Babi:
“Caros amigos,
No dia 29 de dezembro passado, Marcos feriu-se gravemente em Alter do Chão no Pará, após mergulho em um rio. Marcos passou por cirurgia na coluna cervical em Santarém e no momento não corre mais risco de vida.
Queríamos que vocês soubessem que o caso de Marcos é realmente muito grave. Até o presente momento ele vem sendo atendido pelo SUS. Os médicos acham que talvez seja necessária nova cirurgia e que a recuperação vai depender da evolução do quadro, que é de paraplegia.
Ocorre que Marcos não tem plano de saúde e vai precisar de ajuda para estruturar uma nova vida. Não sabemos ainda quais serão suas necessidades, mas certamente não serão poucas. Temos feito tudo o que podemos, mas temos consciência de que nossos recursos são pequenos face às necessidades atuais e as que virão. Assim caros amigos agradecemos de antemão toda ajuda que vier.
Estamos disponibilizando uma conta bancária para as colaborações em nome de :
Marta Vitória de Alencar CPF 178.221.438-08
Banco do Brasil
ag. 3559-9
c/c 43819-7
Com força agradecemos todo acolhimento, toda torcida, todas as presenças, telefonemas, apoios e abraços. Eles estão sendo fundamentais para nós.
Saudações,
Rui, Ephigênia, Bárbara, Ricardo, Marta e Alexandre”
A Babi, mulher do Marcos, é minha amiga – e é uma das Blogueiras Feministas. Começou o ano com o marido internado em uma UTI em Santarém, distante milhares de quilômetros de amigos queridos. E a angústia de saber que há alguém precisando de abraço assim, tão longe, tomou conta da minha semana.
Cada dia traz novos desafios pra todos nós, mas este novo ano promete desafios muito maiores pra Babi e pro Marcos do que pra mim (e pra você que está lendo, espero). Tem uma série de coisas que só eles vão poder enfrentar. Mas a gente pode ajudar a vida a ficar menos difícil colaborando financeiramente.
Eu desejo que, pequenas, grandes ou imensas, a gente tenha a força para encarar todas as dificuldades que a vida nos apresentar em 2012. Feliz ano novo pra vocês também.
Força, queridos!
“Caros amigos,
No dia 29 de dezembro passado, Marcos feriu-se gravemente em Alter do Chão no Pará, após mergulho em um rio. Marcos passou por cirurgia na coluna cervical em Santarém e no momento não corre mais risco de vida.
Queríamos que vocês soubessem que o caso de Marcos é realmente muito grave. Até o presente momento ele vem sendo atendido pelo SUS. Os médicos acham que talvez seja necessária nova cirurgia e que a recuperação vai depender da evolução do quadro, que é de paraplegia.
Ocorre que Marcos não tem plano de saúde e vai precisar de ajuda para estruturar uma nova vida. Não sabemos ainda quais serão suas necessidades, mas certamente não serão poucas. Temos feito tudo o que podemos, mas temos consciência de que nossos recursos são pequenos face às necessidades atuais e as que virão. Assim caros amigos agradecemos de antemão toda ajuda que vier.
Estamos disponibilizando uma conta bancária para as colaborações em nome de :
Marta Vitória de Alencar CPF 178.221.438-08
Banco do Brasil
ag. 3559-9
c/c 43819-7
Com força agradecemos todo acolhimento, toda torcida, todas as presenças, telefonemas, apoios e abraços. Eles estão sendo fundamentais para nós.
Saudações,
Rui, Ephigênia, Bárbara, Ricardo, Marta e Alexandre”
A Babi, mulher do Marcos, é minha amiga – e é uma das Blogueiras Feministas. Começou o ano com o marido internado em uma UTI em Santarém, distante milhares de quilômetros de amigos queridos. E a angústia de saber que há alguém precisando de abraço assim, tão longe, tomou conta da minha semana.
Cada dia traz novos desafios pra todos nós, mas este novo ano promete desafios muito maiores pra Babi e pro Marcos do que pra mim (e pra você que está lendo, espero). Tem uma série de coisas que só eles vão poder enfrentar. Mas a gente pode ajudar a vida a ficar menos difícil colaborando financeiramente.
Eu desejo que, pequenas, grandes ou imensas, a gente tenha a força para encarar todas as dificuldades que a vida nos apresentar em 2012. Feliz ano novo pra vocês também.
Força, queridos!
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