tag:blogger.com,1999:blog-7574581396259671932024-03-05T07:46:37.158-03:00Foi feito pra issoIarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.comBlogger126125tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-31449992206128953102012-10-14T13:18:00.001-03:002012-10-14T13:18:12.245-03:00MudamosAchei que a poderia aproveitar as mudanças e mudar o blog também. Agora eu escrevo aqui, ó: <a href="http://foifeitopraisso.wordpress.com/">http://foifeitopraisso.wordpress.com/</a>. Pensei em deletar os posts antigos, recomeçar do zero, nova fase, etc e tal, mas não. Eu ainda sou eu. ;)Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-35561757863465703022012-08-24T16:50:00.000-03:002012-08-24T16:50:01.728-03:00A Feira da Praça Kantuta<br />
<div class="Textbody">
Domingo passado eu e Daniel almoçamos na Feira da Praça
Kantuta. A feira acontece todos os domingos no Pari, exatamente enfrente ao
lugar onde cursei o Ensino Médio, que hoje se chama Instituto Federal de
Educação Tecnológica – mas que eu chamo carinhosamente só de “a Federal”
(porque na minha época era “a escola”, não “o instituto”).<o:p></o:p></div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8MsyZ3yDin3Y11A-7aRIcaDgEO6pDmWJ_XCpWK9Tr91_s6VFZdVmLgDluKk5kV1zDRZOibkxikEiIAUISUjV3zPiXmaMfgb8_EKIP3qN1ZUw7HqQG61e7VHEOVKy0VFXZ-SDDCW-KvXZ0/s1600/2012-08-19+13.12.38.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi8MsyZ3yDin3Y11A-7aRIcaDgEO6pDmWJ_XCpWK9Tr91_s6VFZdVmLgDluKk5kV1zDRZOibkxikEiIAUISUjV3zPiXmaMfgb8_EKIP3qN1ZUw7HqQG61e7VHEOVKy0VFXZ-SDDCW-KvXZ0/s320/2012-08-19+13.12.38.jpg" width="320" /></a>Mas na minha época não havia feira e a praça sequer tinha
esse nome. E não tenho a menor ideia de como a praça se chamava. A Praça
passou a chamar-se Kantuta há uns 10 anos, quando começou a feira, uns 4
ou 5 anos depois de eu deixar a escola. Katuta é a flor que empresta
suas cores para a bandeira da Bolívia. Na Praça funciona um centro de apoio aos
imigrantes bolivianos, que passaram a montar barracas de comidas típicas (pra
serem consumidas lá ou ingredientes para prepará-las) e a coisa foi crescendo. Eu já sabia da existência dessa feira há algum tempo, pensava
em conhecê-la, mas foi uma matéria no caderno de comida do Estadão (estamos
recebendo o jornal de a graça em casa por um mês, aquelas promoções pra te
convencerem a assinar) que me levou a finalmente visitá-la.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Quando chegamos, aquela coisa linda. Uma praça que
provavelmente estaria triste e meio abandonada sendo tomada pelas pessoas, sendo vivida. Crianças correndo entre as barracas enquanto os seus pais
trabalham ou se divertem. Comoveu-me especialmente por ser tomada por uma
população marginalizada, como são os imigrantes bolivianos.<o:p></o:p></div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
É claro que como futura imigrante latino-americana em terras
estrangeiras sou suspeitíssima pra falar. Mas eu nunca entendi mesmo a
xenofobia. Se as pessoas vêm pra cá se sujeitar a condições de trabalho terríveis
é porque a economia, como funciona hoje, absorve isso. Eu me lembro dos meus
pais contando como tem gente que se escandaliza com a sugestão de que
funcionários da saúde pública aprendam um pouco de espanhol pra atenderem esta
população. Acham um absurdo que o dinheiro público seja investido para atender
imigrantes muitas vezes ilegais. Como se eles não pagasse ICMS cada
vez que compra uma lata de óleo ou pegam o metrô pra ir lá se divertir na praça
aos domingos. Gente que acredita piamente que o estado de bem estar social da Escandinávia
é só mérito deles, não tem absolutamente nada a ver com a pobreza, sei lá, das
Filipinas. Como se o mundo não fosse uma coisa só e as pessoas não tivessem o
direito de tentarem se defender com alguma dignidade seja onde for.<o:p></o:p></div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2HbfurU0MfEnc0vzRFEmrTZJBK-r1i6llNPB1lvPLor0s74h1f-xyO4pRHQQFXIm10lkvffkYeP7APb_xg4A0y7mDtv7K3rQ3f4Clp3YQi_1dQ3X1bWbcdKVmyppNct2-ijfaZT-6P9jQ/s1600/2012-08-19+13.14.47.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh2HbfurU0MfEnc0vzRFEmrTZJBK-r1i6llNPB1lvPLor0s74h1f-xyO4pRHQQFXIm10lkvffkYeP7APb_xg4A0y7mDtv7K3rQ3f4Clp3YQi_1dQ3X1bWbcdKVmyppNct2-ijfaZT-6P9jQ/s320/2012-08-19+13.14.47.jpg" width="320" /></a></div>
Sou muito tímida (acreditem) pra puxar assunto com quem eu
não conheço. Queria saber se as moças da barraca de comida onde comemos o
majadito (uma carne desfiada com molho no arroz, servida com banana assada, ovo
frito e mandioca – gostoso, mas nada demais) trabalham em fábricas de segunda a
sábado, como acredito. Acho que há muita gente ali nessa situação, trabalhando
de segunda a segunda, tentando conseguir no domingo algum dinheiro pra guardar
ou enviar pra família, o que seria difícil demais só com o salário. Mas elas
estavam muito ocupadas e eu fiquei com medo de ser invasiva.<o:p></o:p><br />
<br /></div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyfTH2NYta9ltprMUgnSd3-F_Ad2RWgeO7jWnDVzml1fHHyW_pp39Kv7eGMjkBRwZnNKP2t4MF7wAIH1ZcxMXQGpywZ-7xRE-UZI1cN1vv7B9B8xW7bqALmjmA4fHKMEpBKwPHZDRP-ln2/s1600/2012-08-19+13.10.50.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhyfTH2NYta9ltprMUgnSd3-F_Ad2RWgeO7jWnDVzml1fHHyW_pp39Kv7eGMjkBRwZnNKP2t4MF7wAIH1ZcxMXQGpywZ-7xRE-UZI1cN1vv7B9B8xW7bqALmjmA4fHKMEpBKwPHZDRP-ln2/s320/2012-08-19+13.10.50.jpg" width="320" /></a>Voltando a feira em si, fica lá uma espécie de animador com o
microfone dizendo coisas em um espanhol quase incompreensível de tempos em
tempos. Há barracas com milhos dos mais variados formatos. Batatas brancas e
rajadas, pacotes de erva mate e cerveja Paceña, pão de milho. Nossa entrada foi
uma salteña deliciosa em uma das barracas mais “ricas”: Don Carlos tem uma
barraca enorme e aparece gente pra comprar caixar enormes de salteñas e levar
pra casa. Pelo capricho das embalagens pra viagem, imagino que ele seja o primo próspero do lugar. Compreensível, dada a qualidade da salteña.<o:p></o:p><br />
<br />
<br /></div>
<div class="Textbody">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjujfl7VUKbuzYKvbnPf-0_xwuewX85xEWMpBASTSg8BPhPTa3eof6ktus11KMFdtmHkKRI0ZRV35xYtVWD_JMZTcp98FXvvNhFpJCp1uVWMrz3hlosPH26l21a3Hw7CpwY7mvxqo7T4j0Q/s1600/2012-08-19+13.11.44.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjujfl7VUKbuzYKvbnPf-0_xwuewX85xEWMpBASTSg8BPhPTa3eof6ktus11KMFdtmHkKRI0ZRV35xYtVWD_JMZTcp98FXvvNhFpJCp1uVWMrz3hlosPH26l21a3Hw7CpwY7mvxqo7T4j0Q/s320/2012-08-19+13.11.44.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="Textbody">
Uma coisa nos chamou demais a atenção: três ou quatro tendas
de “peluquería”, ou seja, cabelereiros. Pela extravagância dos penteados das fotos
do lado de fora, imagino que a necessidade do serviço apareceu não só pelos
preços praticados aqui, mas pela dificuldade de comunicação enquanto as
expectativas de resultados (eu já cortei cabelo fora do país, dá um pouco de
medo mesmo).<o:p></o:p></div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Por fim, outra curiosidade: tendas com publicidade da Western
Union. Até ir pra França eu sequer sabia o que era Western Union, porque seu
principal negócio é a comissão sobre as remessas de imigrantes para seu país de
origem. E o Brasil do crescimento econômico passou a receber muitos imigrantes.
Vemos todos os dias notícias de estrangeiros vindo tentar a sorte aqui. Entre eles
europeus super qualificados. Mas jovens brancos de classe média alta são sempre
bem recebidos, né? Já os bolivianos pobres cujos traços não escondem sua etnia
são vistos com desdém (racistas? nós?). </div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Eu acho mesmo um alívio que eles tenham
encontrado um espaço nessa cidade tão hostil, que a Praça Kantuta possa
acolhê-lhos, em uma cidade que não acolhe os pobres, mesmo os nascido aqui. Transformaram
a Praça Kantuta em um espaço tão rico e oferecem diversidade cultural a uma cidade
tão intolerante. Plantam kantuta colorida no concreto (clichês cafonas, trabalhamos). Como não ser grata?<o:p></o:p></div>
Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-37727445802420914292012-08-04T11:34:00.000-03:002012-08-04T11:36:56.916-03:00Efeito Borboleta ou “como você se imagina daqui a 5 anos?”<br />
Ontem, comendo uma pizza e tomando vinho com o Daniel, tive um insight do quanto me parecia surreal a conversa que estávamos tendo. O cenário era absolutamente banal, mas o conteúdo trazia a ansiedade das mudanças que nossa vida vai sofrer mudanças. Muitas mudanças. (disclaimer: quando uma mulher como eu - cissexual, hetero, casada há um tempo e balzaquiana - diz que tem mudanças GERAL pensa que é gravidez, mas não é).<br />
<br />
Enfim. Disse pra ele que a vida era um conjunto de dias, e fiquei tentando lembrar de todas as varíaveis envolvidas no que estamos vivendo, dia após dia. Pensei naqueles filmes que começam com os personagens em alguma situação, e voltam na história pra explicar como chegaram até ali. E acabo de lembrar que um dos meus romances preferidos na vida, o “Cem anos de solidão”, começa exatamente assim, com o pelotão de fuzilamento do Aureliano Buendía, e depois volta pra toda a história da família.<br />
<br />
Daí pensei que, se minha vida fosse contada assim, queria começar pela crise de choro convulsivo que tive na sala de embarque no aeroporto do Galeão, no Rio, perto das 14h00 da última segunda-feira, dia 30 de julho. Nenhuma tragédia acontecendo, apenas o resultado da comoção após a leitura de um e-mail enviado por uma pessoa especial na minha vida (vejam bem, não fosse a popularização dos smartphones nos últimos anos, nem ler e-mail no aeroporto eu estaria lendo). E aí me peguei pensando em como eu estava 5 anos antes da última segunda-feira. Em como seria interessante se 5 nos atrás eu pudesse me ver naquela situação, como uma bola de cristal mesmo, sabem?<br />
<br />
30 de julho de 2007. Pensei em tentar recuperar meus e-mail no gmail mas, oi, preguiça. Mas eu estava desempregada. Tinha voltado da França há menos de um ano. Depois de voltar, trabalhei como assistente do diretor financeiro de uma montadora francesa, emprego que eu só consegui porque falava francês fluentemente. Era um contrato temporário de 6 meses, porque estavam de mudança pro Rio. Como meu chefe adorava meu trabalho, queria que eu me mudasse pro Rio com o resto da equipe. E eu queria também, porque já não aguentava viver na casa dos meus pais. Não por eles, mas aos 27 anos, esse papel de filha, de viver numa casa que não é a minha, já tinha me cansado. Mas veio a frustração: o RH me ofereceu um salário ridículo pra me contratar (como temporária, eu era terceirizada até então), o diretor disse que não podia interferir nas políticas do RH, e eu não fui.<br />
<br />
Isso foi em junho. Eu só encontraria outro emprego em novembro. Neste meio tempo, meu incômodo aumentou de uma maneira que tornou impossível minha convivência na casa dos meus pais. Saí de lá poucas semanas antes de conseguir outro emprego, disposta a viver das minhas economias em uma pensão enquanto o emprego bacana não aparecesse. Mas o acaso premiou minha ousadia e colocou no meu caminho um emprego que eu detestava, mas pagou as minhas contas até eu conseguir coisa melhor. E eu pude mudar pra um lugar muito bacana, mas absolutamente “pelado”: dormi a primeira noite em um saco de dormir, fiquei mais de 1 mês sem geladeira (acesso à internet? HAHAHAHAHAHA).<br />
<br />
Pouco tempo depois conheci o Daniel em uma festa de uma ex-colega daquela montadora. E bom, conhecer o Daniel muda toda minha história. Marca todas as decisões. Concluo então que trabalhar na montadora por 6 meses me serviu para 1) criar a série de eventos que me levariam a conhecê-lo, 2) aumentar a minha frustração a ponto de finalmente virar a mesa e ir cuidar da minha vida. Mas eu não teria ido trabalhar nessa montadora se não tivesse ido viver na França. E talvez (porque aí é só suposição mesmo) não tivesse ido viver na França se meu melhor amigo, que eu conheci no colégio técnico, não tivesse ido fazer a mesma coisa uns anos antes e me incentivado tanto ao voltar. E eu não teria saído da escola particular pra estudar na escola técnica federal se meu pai não tivesse ficado desempregado em 1994.<br />
<br />
Enfim. Dei uma viajada agora. Mas tem mais coisa. Tem esse blog, criado em outubro de 2009 sem maiores pretensões e que mudou minha vida, porque trouxe gente incrível demais. Não haveria a crise de choro convulsivo no aeroporto se não houvesse o blog, porque a pessoa que me comoveu chegou até mim por conta dele. E, desculpem as outras todas, mas só por ela esses cento e tantos posts (nem é tanta coisa assim) já teriam valido a pena. Mas não. Tem ela, e tem mais um batalhão, uma festa de gente linda, bacana, que chegou aqui porque curtiu meu texto. Sou grata demais a mim mesma por tê-lo criado.<br />
<br />
Em 30 de julho de 2007 eu estava muito frustrada, e ansiosa pra que minha vida se encaminhasse. Em 30 de julho de 2012 as lágrimas são ligadas a intensidade do rumo maravilhoso que as coisas tomaram. O que só me deixa curiosa para 30 de julho de 2017. Mas a vida é uma sucessão de dias, um de cada vez, e hoje é dia de comer pastel na feira. Bom sábado! =)<br />
<div>
<br /></div>Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com11tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-56528160454996559922012-07-07T13:52:00.000-03:002012-07-08T10:28:05.054-03:00Memórias gastronômicas de um relacionamento estável<br />
<div class="Textbody">
Fui à feira sozinha e na barraca do pastel me dei conta de
que se um dia a gente terminar, vou sempre lembrar que seu preferido é pizza
(eu cada semana pego um diferente). Se um dia a gente terminar, vou lembrar que
além do pastel do sábado, você come também o pastel da feira de quinta-feira,
a caminho do trabalho, como café da manhã. Vou me lembrar também que seu café
da manhã é, boa parte das vezes, só café e cigarros – que às vezes você
varia pra um suco cítrico, o que também não é nada bacana pro estômago (eu e minha
gastrite ficamos inconformadas).<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você não achava o
jantar importante até me conhecer e eu te deixar claro que, se eu não tivesse
companhia pra jantar, ficava sozinha. E lembrar que sua resposta foi um suspiro
seguido por “beleza. então vou comer menos no almoço”.<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se a gente terminar vou lembrar que você não é muito fã de
doces, mas que a vó Erci no seu aniversário faz uma torta de morango pra você e
a outra pros convidados. E que eu já levei bronca por comer um pedaço da sua. E
vou lembrar do seu apreço pelas papinhas de frutas industrializadas (mas eu
sei, você disse que já enjôou delas faz um tempo). Vou lembrar que você e sua
família joseense me apresentaram ao bolinho caipira (é bem bom bolinho caipira).<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você não gostava
de coentro quando a gente se conheceu, e hoje come até na salada. Vou lembrar
que você gosta tanto da comida da minha mãe que já foi até lá meio brigado
comigo só pra filar o almoço. Mas também vou me lembrar que você é um chato que
não gosta de abóbora, nem do doce da minha mãe (melhor, sobra mais). E também não é lá muito fã de mandioquinha (que pra
mim é o paraíso em forma de legume). Ai, também não gosta de grão-de-bico,
acabei de me lembrar. Porra, você é MUITO chato.<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar vou lembrar que você gosta de
cervejas em geral, e da Guinness em especial. E lembrar que os anos na Alemanha
o fizeram gostar daqueles salsichões que eu acho sem graça. E que gosta de
joelho de porco, e de purê de batata com salsicha.<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar, vou lembrar que temos planos
de viagens gastronômicas para o Peru e para o Sudeste Asiático. Pode ser que
a gente só termine depois de fazer essas viagens, que hoje ainda parecem tão
distantes. Mas a viagem de carro até Ushuaia também parecia um sonho distante e
a gente realizou. E nem era uma viagem gastronômica, mas comemos muito bem em
alguns lugares (e pessimamente em outros).<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar, vou lembrar que nós dois
engordamos desde que nos conhecemos. E que todos esses quilos foram feitos de
muito prazer. Vou me lembrar que apesar de eu estar rechonchuda pra mais, você
continua dizendo que eu sou gostosa – e se a gente é o que a gente come, eu
devo ser mesmo, modéstia às favas.<br />
</div>
<div class="Textbody">
<br />
Se um dia a gente terminar vou me lembrar de uma relação tão
deliciosa que não tem porque terminar. Eu não quero que termine. Acho que nem
você, né?</div>Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-1463772243735626842012-06-21T18:31:00.001-03:002012-06-21T18:31:56.022-03:00O discurso normalizante<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<w:DoNotOptimizeForBrowser/>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:none;
text-autospace:ideograph-other;
font-size:12.0pt;
font-family:"Nimbus Roman No9 L","serif";
mso-font-kerning:1.5pt;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="Textbody">
O que há em comum entre a minha monografia sobre políticas
públicas para pessoas com mobilidade reduzida (que se se arrasta como uma
lesma, mas não está parada), a polêmica sobre o parto em casa e os obstáculos
que homens e mulheres transexuais enfrentam para terem sua identidade aceita
reconhecida? Todas tem o discurso médico como condutora de políticas públicas.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Eu sempre me interessei por política. E acompanhando o
processo eleitoral nos últimos anos, os noticiários de TV, sempre notei que a
Economia tinha um papel decisivo nas macro decisões. A Economia é o deus mais
importante da política. Então eu tinha vontade de estudar Economia não porque o
assunto de fato me interessasse tanto, mas porque queria comer o fruto da
árvore do bem e do mal, queria ter conhecimento técnico pra afirmar que dá pra
conduzir o mundo de outro jeito. Enfim, não fiz Economia, fiz Letras, e os
motivos interessam mais a minha analista do que a vocês, acreditem. Mas não deixei de me interessar por política nunca, jamais,
em tempo algum, embora político partidário às vezes me cause mais sono do que revolta,
como seria de se esperar (Maluf? Erundina? So eighties, honey!). </div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Daí chego a minha monografia. E me dou conta de que há
produção em ciências sociais sobre as dificuldades cotidianas das pessoas com
deficiência é muito restrita. Mas chego a isso já depois de ser apresentada a
questão da deficiência como problema social. Há uma sociedade que teima em discriminar
tudo o que não se enquadra num padrão, regido, entre outras coisas, pelas
exigências do mercado de trabalho. Mas o discurso que sempre se usou para se
olhar para as pessoas com deficiência é o médico. De que as pessoas precisam
ser curadas ou reabilitadas. Vira uma questão pessoal que restringe a inclusão
ao indivíduo. É um ponto de vista que vem sendo combatido nos últimos anos, mas
continua muito forte. Tanto que para ter acesso a algumas políticas de
inclusão, é necessário um laudo médico. Não basta o testemunho ocular da
deficiência física. É o médico quem deve atestá-la.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
A questão dos direitos das pessoas transexuais é análoga em
muitas coisas. Outro dia vi que um juiz autorizou uma pessoa trans a mudar seus
documentos sem passar por nenhum processo cirúrgico, mas isso é muito raro – e
claro, implicou gastos com processo judicial que não são acessíveis a toda a
população. No geral, pessoas que se identificam com um sexo diferente do que
foi atestado no nascimento são submetidas a um pesado e desumano escrutínio
psicológico. Sua diversidade é patologizada com a desculpa de tornar possível
sua inclusão numa sociedade que não aceita a diferença. Não é possível mulher
com pênis: se tem pênis e “quer ser” mulher é doente, e vai ser estigmatizado
como doente por anos até poder ter acesso a uma cirurgia que “corrija” o que
está errado. Daí podemos pensar no caso de mudar os documentos e poupar de uma
série de constrangimentos. Mas se não se enquadrar no que o discurso padrão
acredita ser uma mulher alfa, você é só um homem meio estranho mesmo. Não
insista. (¹)</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Chegamos ao parto. O que alguém pode dizer que é diferente,
que é claramente uma questão de saúde. E não nego que seja também, mas não é só isso. E o post é sobre essa
hegemonia do discurso médico. Que o parto é anterior a medicina, acho que é
fato histórico incontestável. É claro que o número de óbitos era alto, ninguém
vai negar. Este não é um post pra falar mal da medicina, muito menos de cesarianas,
porque são conquistas importantíssimas para humanidade. A questão é que
transformou-se o parto em um procedimento obrigatoriamente médico. A presença
de um médico deixa de ser um direito e passa a ser mandatória para um parto com
segurança.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Misturei um monte de coisas, porque o que eu tenho pensado é
sobre como os médicos passaram a ser sacerdotes dos comportamentos, tal qual os
economistas são para as grandes decisões políticas. Porque o nosso olhar sobre
o outro, esteja se locomovendo em uma cadeira de rodas, esteja adotando uma identidade
diferente da designada em seus documentos, é um construto social, mas chamamos
os médicos para nos socorrerem sempre que este outro sai do que consideramos
“normal”. Poderíamos chamar um poeta, um filósofo, poderíamos achar que urgente
é construir empatia. Mas achamos mais urgente rotular, enquadrar, fazer caber no nosso modelo de mundo, de normalidade, de civilização.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
(¹) Mencionei o pessoal trans sem me aprofundar demais, porque não tenho condições. Espero não ter sido leviana e que tenha ficado claro que as aspas aí significam não o que eu penso, mas um senso comum. Estou pronta a me desculpar caso tenha ofendido alguém.</div>Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-6794878060750945102012-05-15T17:38:00.003-03:002012-05-15T17:38:45.147-03:00Os novos rumos do menino Poizé – ou sobre carros, de novo<!--[if gte mso 9]><xml>
<w:WordDocument>
<w:View>Normal</w:View>
<w:Zoom>0</w:Zoom>
<w:TrackMoves/>
<w:TrackFormatting/>
<w:HyphenationZone>21</w:HyphenationZone>
<w:PunctuationKerning/>
<w:ValidateAgainstSchemas/>
<w:SaveIfXMLInvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid>
<w:IgnoreMixedContent>false</w:IgnoreMixedContent>
<w:AlwaysShowPlaceholderText>false</w:AlwaysShowPlaceholderText>
<w:DoNotPromoteQF/>
<w:LidThemeOther>PT-BR</w:LidThemeOther>
<w:LidThemeAsian>X-NONE</w:LidThemeAsian>
<w:LidThemeComplexScript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript>
<w:Compatibility>
<w:BreakWrappedTables/>
<w:SnapToGridInCell/>
<w:WrapTextWithPunct/>
<w:UseAsianBreakRules/>
<w:DontGrowAutofit/>
<w:SplitPgBreakAndParaMark/>
<w:EnableOpenTypeKerning/>
<w:DontFlipMirrorIndents/>
<w:OverrideTableStyleHps/>
</w:Compatibility>
<w:DoNotOptimizeForBrowser/>
<m:mathPr>
<m:mathFont m:val="Cambria Math"/>
<m:brkBin m:val="before"/>
<m:brkBinSub m:val="--"/>
<m:smallFrac m:val="off"/>
<m:dispDef/>
<m:lMargin m:val="0"/>
<m:rMargin m:val="0"/>
<m:defJc m:val="centerGroup"/>
<m:wrapIndent m:val="1440"/>
<m:intLim m:val="subSup"/>
<m:naryLim m:val="undOvr"/>
</m:mathPr></w:WordDocument>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 9]><xml>
<w:LatentStyles DefLockedState="false" DefUnhideWhenUsed="true"
DefSemiHidden="true" DefQFormat="false" DefPriority="99"
LatentStyleCount="267">
<w:LsdException Locked="false" Priority="0" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Normal"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="heading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="9" QFormat="true" Name="heading 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 7"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 8"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" Name="toc 9"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="35" QFormat="true" Name="caption"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="10" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" Name="Default Paragraph Font"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="11" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtitle"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="22" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Strong"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="20" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="59" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Table Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Placeholder Text"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="1" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="No Spacing"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" UnhideWhenUsed="false" Name="Revision"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="34" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="List Paragraph"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="29" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="30" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Quote"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 1"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 2"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 3"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 4"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 5"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="60" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="61" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="62" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Light Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="63" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="64" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Shading 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="65" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="66" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium List 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="67" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 1 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="68" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 2 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="69" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Medium Grid 3 Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="70" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Dark List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="71" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Shading Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="72" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful List Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="73" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" Name="Colorful Grid Accent 6"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="19" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="21" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Emphasis"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="31" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Subtle Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="32" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Intense Reference"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="33" SemiHidden="false"
UnhideWhenUsed="false" QFormat="true" Name="Book Title"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="37" Name="Bibliography"/>
<w:LsdException Locked="false" Priority="39" QFormat="true" Name="TOC Heading"/>
</w:LatentStyles>
</xml><![endif]--><!--[if gte mso 10]>
<style>
/* Style Definitions */
table.MsoNormalTable
{mso-style-name:"Tabela normal";
mso-tstyle-rowband-size:0;
mso-tstyle-colband-size:0;
mso-style-noshow:yes;
mso-style-priority:99;
mso-style-parent:"";
mso-padding-alt:0cm 5.4pt 0cm 5.4pt;
mso-para-margin:0cm;
mso-para-margin-bottom:.0001pt;
mso-pagination:none;
text-autospace:ideograph-other;
font-size:12.0pt;
font-family:"Nimbus Roman No9 L","serif";
mso-font-kerning:1.5pt;}
</style>
<![endif]-->
<br />
<div class="Textbody">
Ano passado escrevi <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com.br/2011/02/vida-idilica-sem-carro.html">dois</a> <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com.br/2011/02/ainda-sobre-o-anterior.html">posts</a> muito comentados (pros padrões deste blog modesto)
sobre nossa decisão de ficar sem carro. Alguns meses depois, fizemos um novo
contrato de leasing e trouxemos para garagem Poizé, nosso meio de transporte
durante a <a href="http://naoeofimdomundo.wordpress.com/">maravilhosa jornada até Ushuaia</a>. Essa semana o contrato acabou e,
depois de nos servir tão bem, de rodar por tantas estradas de terra nos confins
da Argentina, de ter a porta quase arrancada pelo vento patagônico, nosso
companheiro de aventuras volta pra concessionária da marca (nota: propaganda de
graça, não trabalhamos). Ficamos aqui imaginando que se ele pudesse falar, ia
contar vantagem para os coleguinhas: “Qual o lugar mais longe que você já foi?
UBATUBA? Se liga, ô, cruzei os Estreito de Magalhães de balsa. Vai lá no mapa
ver onde fica e depois a gente conversa.”</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9MqtRpwmWmk5F1fBJOR3Mqv1cXorhyphenhyphen-QI8MBnErzdpFY470DZpxZREzOVbEzYoj1Yfu5rK_XW88UtQeGkRpfzW88iXAtEz4fEU9m4L05oMI5uFduU6-XYAHUzBxdmua7G7erEoQnp1Qa-/s1600/Poiz%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img alt="" border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi9MqtRpwmWmk5F1fBJOR3Mqv1cXorhyphenhyphen-QI8MBnErzdpFY470DZpxZREzOVbEzYoj1Yfu5rK_XW88UtQeGkRpfzW88iXAtEz4fEU9m4L05oMI5uFduU6-XYAHUzBxdmua7G7erEoQnp1Qa-/s320/Poiz%C3%A9.jpg" title="" width="320" /></a></td></tr>
<tr style="font-family: Arial,Helvetica,sans-serif;"><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><h4>
Menino Poizé, todo trabalhado no uso sustentável - <i>aka</i> capacidade máxima</h4>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="Textbody">
Mas voltar a ficar sem carro me fez reler os posts e repensar
algumas questões. Semana passada estive em Brasília em um <a href="http://metropolizacao.capes.gov.br/">seminário da Capes sobre os problemas da metropolização brasileira</a>. E em algum momento,
perguntaram ao professor Carlos Correia da Fonseca, da Universidade Tecnica de
Lisboa, o que ele achava de medidas punitivas para o uso do carro. E ele se
incomodou muito com o termo “punitivas”. Para o expositor, o carro é uma conquista
do nosso desenvolvimento, não é um vilão. O problema do carro é que, da maneira
como é usado, traz grandes prejuízos de maneira coletiva para alguns benefícios
privados.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Explicando melhor. No post do ano passado, falei sobre os
custos de se manter um carro. De que achava caro e tal. Mas a questão é que o
carro ainda é mais barato para seu proprietário do que para o resto da
sociedade – incluindo aí as pessoas que nunca vão ter carro na vida. Ano
passado mencionei, por exemplo, que o IPVA tributa a propriedade, mas não o
espaço que você “empata” quando deixa o carro estacionado na rua. Mas esse é um
exemplo bem primário. Nem o IPVA, nem o ICMS sobre o combustível é suficiente
pra cobrir os gastos públicos com as doenças causadas pela poluição. Tenho
minhas dúvidas também se o DPVAT, o seguro obrigatório, dá conta de todo o ônus
a longo prazo gerado pelos acidentes e mortes no trânsito (embora ele exista pra
cobrir despesas imediatas), mas como não tenho esses dados aqui a mão, deixo só
o questionamento mesmo.</div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Bom, daí alguém pode argumentar que esses ônibus caindo aos
pedaços que circulam pela cidade emitindo fumaça preta são mais poluentes do
que carros novos com catalisadores. Mas além da questão óbvia de que um ônibus
transporta muito mais gente, qualquer cidadã(o) tem o direito de se utilizar do
transporte público, tendo inclusive gratuidade garantida em alguns (poucos)
casos. Carros particulares são de uso... particular. E, do ponto de vista do
pagamento de tributos, não faz diferença se você circula no seu carro todo dia
sozinho ou se apenas leva a família pra passear com o carro cheio nos finais de
semana (uso muito mais sustentável). Não se tributa o uso, mas a posse. Há
alguma tributação indireta por meio do ICMS dos combustíveis, mas de novo, em
termos de prejuízos coletivo é completamente diferente usar o carro
individualmente nos horários de pico de segunda a sexta e fazer um passeio com
a família aos sábados, embora os trajetos possam ser equivalentes. </div>
<div class="Textbody">
<br /></div>
<div class="Textbody">
Então um desafio da gestão pública é esse, entender que o
transporte individual gera um ônus social muito grande pra que este custo não
seja captado integralmente de forma privatizada, já que não é justo obrigar
quem não se locomove assim a arcar com esta despesa. E claro, oferecer
alternativas sustentáveis que desestimulem o uso do automóvel, pra que as
pessoas até comprem um se lhes for conveniente, mas sintam que não é vantajoso
utilizá-lo em todos os momentos. Menino Poizé saía de casa para visitar meus pais no
outro lado da cidade aos domingos, ir a São José do Campos, onde vivem os pais
do Daniel, em outros finais de semana, majoritariamente. Umas poucas e raras vezes (não devem ter
chegado a 20 em uma ano) fez o trajeto Pinheiros-Berrini (ou seja,
casa-trabalho). Além, é claro, de ter ido até Ushuaia e voltado.</div>Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-67098473732937873442012-04-27T09:40:00.003-03:002012-04-27T09:40:26.691-03:00IntertextualidadeCurto muito reconhecer intertextualidades não expressas. Porque algumas influências são declaradas, ms outras podem gritar na nossa frente sem que a gente se dê conta. E eu fico me achando sabida quando mato algumas charadas, porque daí eu me convenço que ok, eu tenho uma bagagenzinha, dá pra brincar de espertona.Vejam bem, não tô falando de reconhecer que "Cosmotron", do Skank, é clube da Esquina e Beatles batidos no liquidificador. Isso salta aos olhos mesmo. Mas por exemplo, o Chico escreveu <i>Budapeste</i>. E tá lá todo o sofrimento do protagonista para aprender húngaro. E bom, tinha o <a href="http://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_R%C3%B3nai">Paulo Rónai</a>, parceiro do Aurélio (o do dicionário) em alguns trabalhos, que imigrou pro Brasil e escreveu um livro chamado <i>Como aprendi português</i>. Que eu não li, aliás, mas sei que existe. O Paulo Rónai e o Aurélio Buarque de Hollanda são os organizadores de uma coletânea de contos esgotada na editora, que se chama Mar de Histórias, e de vez em quando entro num sebo virtual e compro um volume dela pra mim. São nove, acho que eu tenho uns quatro (e acho que até já contei tudo isso aqui). Então taí, o Chico com certeza leu Paulo Rónai e talvez tenha até conversado com o próprio sobre isso, ainda que o livro tenha sido publicado 10 anos depois da morte do tradutor e crítico húngaro.<br />
<br />
Mas, enfim, tem nada a ver com <i>Budapeste</i> o post. Eu adoro novela. E, desculpe aí a pretensão (hoje eu tô insuportável, eu sei), faço análise de texto, enredo e composição de personagem. Assisto novela com muita atenção. E a novela das nove é um sucesso, super bem escrita, curto muito. Eu já tava encucada que a protagonista, Nina, tinha muito da Lisbeth Salander: a sede de vingança, a magreza andrógina e até a moto. Tava claro pra mim que uma das fontes era essa. Daí hoje, enquanto eu estava procrastinando a faxina, me caiu a ficha da outra influência:<br />
<br />
<iframe allowfullscreen="" frameborder="0" height="315" src="http://www.youtube.com/embed/5jaI1XOB-bs?rel=0" width="560"></iframe><br />
<br />
Não tenho certeza absoluta. Mas a Nina da novela tem uma leveza, uma elegância e um refinamento que, óbvio, não são da Lisbeth. Além de ser culta, emprestar livros para o patrão, ele é chefe de cozinha. Ela tem um gosto elitista que contrasta com sua temporada no lixão e, principalmente, com os hábitos suburbanos dos patrões. E bom, balé clássico é algo bem elitizado. Além do nome, as protagonistas do filme e da novela tem em comum o conflito interno. A Nina do filme era reprimida, quase asséptica de tão disciplinada, e tinha uma dificuldade enorme de externalizar seus sentimentos. A Nina da novela reconhece e externaliza, mas tá lá sofrendo, entre Eros e Tânatos. E é esse todo o mote da novela, se haverá final feliz e rendenção, se Eros vai vencer. Até agora acho que a Nina tem toda a cara de personagem que morre no final, mas acho que um autor tem que ser corajoso demais pra fazer isso com sua protagonista.<br />
<br />
Eu posso estar viajando, né? Claro que posso. Mas vocês não tem noção do quanto eu curto reconhecer essas coisas. Sabe criança que encontrou o ovo de páscoa escondido pelo coelhinho. Então. Desse jeito.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-67565053295587342512012-04-17T15:19:00.001-03:002012-04-17T15:20:22.900-03:00Voltamos à nossa programação normalOu seja. Blog aberto. E bissexto.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-51983884433016883862012-01-19T08:04:00.002-02:002012-01-19T08:08:44.683-02:00Tchau, gente! VEM, GENTE!Saio hoje em viagem de férias e este blog vai ficar paradão neste tempo. Eu sei, ninguém vai me perguntar nada, porque já passei mais de dois meses sem dar as caras aqui. Sou mesmo bissexta pra escrever e já ninguém estranha mais. Mas se quiserem saber as notícias da viagem, me procurem aqui, ó: <a href="http://naoeofimdomundo.wordpress.com/">http://naoeofimdomundo.wordpress.com/</a>Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-34121121992872503472012-01-09T18:13:00.004-02:002012-01-09T18:51:49.304-02:00Indignação seletiva ou dessensibilização coletiva?Há algumas semanas houve uma grande comoção pública gerada pelo vídeo que mostrava uma mulher torturando até a morte um cachorrinho. Até eu, que nunca tive um animal de estimação, que nunca fui especialmente ligada a animais e sequer assisti “Marley e eu”, fiquei chocada com a crueldade que as imagens denunciavam. Não endossei o discurso do empalamento em praça pública (dentre outras modalidades de pena de morte mais ou menos civilizadas exigidas pela turba), mas acho que essa senhora deve responder pelo crime que cometeu, claro.<br /><br />Semana passada recebi links no Facebook e no twitter que denunciavam <a href="http://www.viasdefato.jor.br/index.php?option=com_content&view=article&id=979:cimi-confirma-assassinato-de-crianca-indigena&catid=4:noticias">o assassinato de uma criança indígena por madeireiros no Maranhão</a>. A corpo da criança foi encontrado carbonizado. Ante as diversas dúvidas de quem não encaminhava o link com a notícia e o ceticismo daqueles que pediam confirmação por mais fontes, alguns começaram a dizer que uma criança indígena teria menos valor na nossa sociedade do que um cachorrinho de raça. Mas em algum momento na minha timeline a pergunta que me parece mais certeira neste caso (e que eu não vou lembrar quem fez, desculpem): “Quantas crianças indígenas sem vídeo valem um yorkshire com vídeo?”<br /><br />Ninguém me convence que as pessoas (pelo menos a imensa maioria delas), não se sensibilizariam com a história de uma criança assassinada como se sensibilizaram com a do cachorro. Mas o vídeo é o “x” da questão. O vídeo cristaliza e eterniza o sofrimento do pobre animal. A gente pode dar replay e a cada vez prestar atenção num detalhe sórdido diferente: a voz da agressora, que há uma criança ao fundo, até a cor dos azulejos. Pode se perguntar quem o filmou. Pode construir todo o cenário que nos prova que isso aconteceu ante a nossa descrença. <br /><br />Mas falemos do índio. Por mais que nos gere indignação, sabemos que muitas crianças são vítimas de torturas dentro de casa, e muitas morrem por isso. Então, fosse a notícia que uma criança foi assassinada pelos pais, a comoção seria grande, mas não haveria muito lugar para descrença. A violência doméstica faz parte do nosso universo, das coisas que nos revoltam mas estão aí, no mundo. Agora qual o percentual de pessoas que acessa a internet e repercutiu a história do cachorro que entende os conflitos que acontecem entre indígenas e aqueles que querem explorar suas terras cotidianamente no país? Ínfima, com certeza. Das bem informadas, das que sabem que lideranças indígenas e operárias são assassinadas diariamente, quantas não acham que atear fogo numa criança ainda viva (foi assim que a notícia chegou pra mim) é barbárie demais até pra este mundo tão triste? Porque o ceticismo passa por aí: ninguém quer acreditar. Esperando essa confirmação absoluta, essa fonte mais-do-que-confiável, podemos fingir que vivemos num mundo em que nem o mais cruel dos homens queimaria uma criança.<br /><br />Daí vem o problema. Essa criança morta não vai ter vídeo testemunhando. Como não têm vídeo pra servir-lhes de testemunha cada criança que morre de fome, cada mulher estuprada, cada vítima de violência doméstica. As mortes de crianças vítimas de conflitos armados não são transmitidas ao vivo, como foram os atentados de 11 de setembro. E claro que não ignoro a variante da identificação da classe média que faz com que a notícia de um assassinato cometido durante um assalto num semáforo seja percebida de uma maneira completamente diferente da chacina de 8 jovens na periferia. Mas ela só reforça a minha tese: só têm o benefício da empatia aqueles cujas vozes repercutem. <br /><br />Aprendemos na escola que o ocorrido com a humanidade antes da invenção da escrita é difícil de se conhecer porque não ficou registrado, daí chamar-se pré-história. Com certeza havia muito que contar, e perdemos uma parte importante do nosso passado por falta de registro na medida em que hierarquizamos o registro escrito como mais confiável para reproduzir a realidade do que a transmissão oral. Acredito que estamos vivendo algo parecido com as imagens hoje: se uma imagem vale mais do que mil palavras, não basta me contarem o que aconteceu. Não basta um e-mail, uma denúncia formal. Pra que eu fique indignada, preciso de imagens, senão simultâneas, pelo menos posteriores, uma foto da vítima, algo que sensibilize. Mas nos esquecemos que mesmo imagens podem ser tiradas do seu contexto, adulteradas, manipuladas. Isso acontece o tempo todo, confiar cegamente em imagens também nos induz ao erro.<br /><br />Pra mim a única solução para minimizar a injustiça causada pela hierarquização das informações que chegam a nós é a democratização do acesso à informação. Conheci pelas <a href="http://blogueirasfeministas.com/">Blogueiras Feministas</a> o trabalho do <a href="http://www.intervozes.org.br/">Intervozes</a>, que está engajado nessa luta. Recomendo muito o vídeo deles sobre a concentração da mídia no Brasil: <br /><br /><iframe width="480" height="360" src="http://www.youtube.com/embed/KgCX2ONf6BU" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br /><br />Porque se não acredito que as pessoas se importem menos com uma criança do que com um cachorro tenho certeza de que uma criança indígena é menos representada pela mídia do que bichinhos de estimação de classe média. E isso faz muita diferença para a nossa construção de mundo.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-87963366234510840042012-01-06T12:13:00.007-02:002012-01-06T12:39:11.515-02:002012 e seus desafiosNo post anterior falei sobre medo. Nem imaginava que menos de um mês após publicá-lo eu veria alguém próximo a mim ter um medo concretizado: a vida transformada de maneira dramática no que deveria ser o momento de pura felicidade. Deixo aqui o relato dos cunhados da Babi:<br /><br /><span style="font-style:italic;">“Caros amigos,<br />No dia 29 de dezembro passado, Marcos feriu-se gravemente em Alter do Chão no Pará, após mergulho em um rio. Marcos passou por cirurgia na coluna cervical em Santarém e no momento não corre mais risco de vida.<br />Queríamos que vocês soubessem que o caso de Marcos é realmente muito grave. Até o presente momento ele vem sendo atendido pelo SUS. Os médicos acham que talvez seja necessária nova cirurgia e que a recuperação vai depender da evolução do quadro, que é de paraplegia.<br />Ocorre que Marcos não tem plano de saúde e vai precisar de ajuda para estruturar uma nova vida. Não sabemos ainda quais serão suas necessidades, mas certamente não serão poucas. Temos feito tudo o que podemos, mas temos consciência de que nossos recursos são pequenos face às necessidades atuais e as que virão. Assim caros amigos agradecemos de antemão toda ajuda que vier.<br />Estamos disponibilizando uma conta bancária para as colaborações em nome de :<br /><br />Marta Vitória de Alencar CPF 178.221.438-08<br />Banco do Brasil<br />ag. 3559-9<br />c/c 43819-7<br /><br />Com força agradecemos todo acolhimento, toda torcida, todas as presenças, telefonemas, apoios e abraços. Eles estão sendo fundamentais para nós.<br /><br />Saudações,<br />Rui, Ephigênia, Bárbara, Ricardo, Marta e Alexandre”</span><br /><br />A Babi, mulher do Marcos, é minha amiga – e é uma das <a href="http://blogueirasfeministas.com/author/bmaues/">Blogueiras Feministas</a>. Começou o ano com o marido internado em uma UTI em Santarém, distante milhares de quilômetros de amigos queridos. E a angústia de saber que há alguém precisando de abraço assim, tão longe, tomou conta da minha semana.<br /><br />Cada dia traz novos desafios pra todos nós, mas este novo ano promete desafios muito maiores pra <a href="https://twitter.com/#!/barbaramanoela">Babi</a> e pro Marcos do que pra mim (e pra você que está lendo, espero). Tem uma série de coisas que só eles vão poder enfrentar. Mas a gente pode ajudar a vida a ficar menos difícil colaborando financeiramente. <br /><br />Eu desejo que, pequenas, grandes ou imensas, a gente tenha a força para encarar todas as dificuldades que a vida nos apresentar em 2012. Feliz ano novo pra vocês também.<br /><br /><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8GTZcypIgwJc01XiPLJZiZ8BPMl6Z1S4KomHBEQY0Qn_6etX1jM4mjFKuYTVpGNBH-jTRqbWsh-Re3gCfE-Hknifj5fxNg3b_g5-ueBPkUSJgyO2GCg6ImHX2ssHh0OTPIGaXH1U_Bpl/s1600/Marcos+e+Babi.jpg"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM8GTZcypIgwJc01XiPLJZiZ8BPMl6Z1S4KomHBEQY0Qn_6etX1jM4mjFKuYTVpGNBH-jTRqbWsh-Re3gCfE-Hknifj5fxNg3b_g5-ueBPkUSJgyO2GCg6ImHX2ssHh0OTPIGaXH1U_Bpl/s320/Marcos+e+Babi.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5694526068276555938" /></a><br /><br />Força, queridos!Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-54371182256742094162011-12-05T23:44:00.005-02:002011-12-06T00:07:23.160-02:00Dos medos...... ou: post-terapia<br /><br />Tenho pânico de duas coisas banais: dirigir e voar. O medo de dirigir foi causado por um estresse pós-traumático: em 2004 fiz uma conversão proibida por distração e me envolvi num acidente cujo saldo foi perda total dos dois veículos envolvidos, mas felizmente nenhum ferido. O medo de voar eu tenho desde 2001, quando voei pela primeira vez. Assim que o avião decolou, fiquei assustadíssima. Estava sozinha (digo, sem ninguém conhecido), olhava para os lados e tentava me tranquilizar imaginando que se todos estavam calmos, era porque as coisas funcionavam daquele jeito mesmo.<br /><br />Pelo menos superficialmente consigo identificar os motivadores dos meus medos. Ao dirigir, o problema é estar no controle de algo que, se mal conduzido, pode matar (o carro no qual colidi quando fiz a tal conversão proibida transportava um pai e seu filho de uns 18 meses sem cadeirinha especial). Sinto que não dou conta dessa responsabilidade imensa e entro em pânico. Pelo andar da carruagem, vou ter que fazer terapia, ou no mínimo aquelas aulas especiais. Como não é prioridade agora, tá aqui na lista de coisas a serem resolvidas no futuro.<br /><br />Com o avião, o problema é exatamente o oposto. Entrou lá, fechou portinha, cabô. Controle nenhum. Nada tá na minha mão. E se alguma coisa der errado (ok, eu sei que pra um avião cair mais de uma coisa precisa dar errado), a chance de morrer é enorme. Eu tinha uma esperança de que este medo fosse causado só pela total falta de intimidade com a coisa. Mas já voei algumas vezes nestes últimos 10 anos e não passou. Na minha ida a Brasília, fiquei muito nervosa na decolagem, mas no decorrer do vôo me tranquilizei. Na volta, tentei ao máximo relaxar. Quando estava quase conseguindo dormir, uma turbulência sacudiu o avião sofri muito pensando que tudo tinha sido tão lindo, mas queria ainda poder encontrar meu marido e voltar pra minha casa.<br /><br />Daí que me caiu a ficha de algo quer pode justificar meu medo: culpa. Culpa de ser feliz pra CARÁLEO. É como se algo lá no fundo me passasse a conta de tanta felicidade, sabe? Porque eu tive um final de semana incrível e a oportunidade de encontrar pessoas muito amadas. Além da Ma*, sobre quem eu já falei <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com/2010/06/desculpae-pieguice-de-novo.html">aqui</a> e sua família incrível, teve a <a href="http://srtabia.com/">Bia</a>, a melhor anfitriã da terra, o César, queridão até não mais poder, a <a href="http://borboletasnosolhos.blogspot.com/">Lu</a>, com quem já tenho uma relação de amor presencial muitíssimo consolidada, a <a href="http://historiasdemenina.wordpress.com/">Dani</a>, com quem interajo na internet há tempos, a <a href="http://www.estradaanil.com/">Rita</a>, que fez um bate-e-volta só pra nos prestigiar e a <a href="http://corpoindisciplinado.blogspot.com/">Mari</a>, que foi quem nos motivou a fazer a viagem (afinal, pra Brasília não precisa de visto, já pra Chicago...).<br /><br />Depois deste final de semana lindo, achei que era pedir demais que meu time fosse campeão, até pra amenizar a dor da torcida que perdeu um ídolo cujo valor vai muito além do talento no futebol. Mas bem, ganhamos. Daí só faltava mesmo, mesmo, mesmo, pro mundo ser perfeito, desembarcar em segurança e dar aquele abração no companheiro mais bacana do mundo (sério, pelo abraço parecia que estávamos há umas duas semanas longe um do outro). E, beleza, cheguei, abraço ganho. Como pode tudo ser tão lindo?<br /><br />Então é isso. Cada vez que eu estou num avião penso que nunca mais vou fazer isso comigo e vou desistir definitivamente dessa história de voar. Mas a vida me mostra que vale muito a pena enfrentar o medo. Até porque, ninguém vive pra sempre. Se para o azar das probabilidades um dia eu estiver num avião que cismar em cair, pelo menos vivi bem pra caramba.<br /><br /><a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi19zEqw7g4aIHVuyNIp97ldxkQK4aN4CqIe1Eu1K1JRhvr0DI5mhubcSWEiYet3u-LDSffJd-3SRN-W4NPhyphenhyphenv19xis6jMTIaQIKzyws-1ELEJ0tUaSwA8x7XvNIbabazyLfshLXKoTZ9Ep/s1600/DSC03131.JPG"><img style="display:block; margin:0px auto 10px; text-align:center;cursor:pointer; cursor:hand;width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi19zEqw7g4aIHVuyNIp97ldxkQK4aN4CqIe1Eu1K1JRhvr0DI5mhubcSWEiYet3u-LDSffJd-3SRN-W4NPhyphenhyphenv19xis6jMTIaQIKzyws-1ELEJ0tUaSwA8x7XvNIbabazyLfshLXKoTZ9Ep/s320/DSC03131.JPG" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5682830356227226978" /></a><br /><br /><br />Obrigada, SUAS LINDAS, por fazer valer a pena!<br /><br />* Quando escrevi este post sobre ela em 2010, ela vivia na França. A Dani, que vivia em Angra e a Rita, que mora em Florianópólis, comentaram na época. Menos de 1 ano e meio depois, estavam todas almoçando na mesma mesa. Coisa boa.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-49631759266465758852011-11-25T21:45:00.004-02:002011-11-25T23:00:42.902-02:00Sorte a sua que é perseguida por um bonitãoPassou o dia da Blogagem Coletiva. Mas violência contra a mulher, e discurso que a endossa, tem todo o dia, né? Infelizmente.<br /><br />Então, eu gosto de novela. Gosto mesmo, já escrevi sobre a misoginia nas novelas <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com/2010/04/manoel-carlos-o-misogino.html">aqui</a> e <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com/2010/04/mas-mulher-apanhando-da-audiencia-ne.html">aqui</a>. E acho que quem quer entender o país precisa pelo menos passar os olhos nelas, porque são o produto de ficção mais consumido pela população. Claro, não têm a mesma importância que tinham há 20 anos, mas para parte expressiva da população o passatempo principal é esse, ver televisão. Como eu já contei também, não tenho saco de ficar lá assistindo. Dou uma olhada nos sites, vejo alguns vídeos, e leio resumos. Daí esbarrei com isso hoje: <a href="http://finaestampa.globo.com/Vem-por-ai/noticia/2011/11/danielle-fraser-se-entrega-para-enzo.html">http://finaestampa.globo.com/Vem-por-ai/noticia/2011/11/danielle-fraser-se-entrega-para-enzo.html</a><br /><br />Olhem só, eu acredito mesmo que relações às vezes são mais complicadas do que discursos explícitos. E meu relacionamento só começou porque meu marido insistiu. Mas insistiu uma vez, com muito cuidado, dizendo, em outras palavras “tem certeza de que esse não é não?”. E bom, eu mudei de ideia. O primeiro “não” era só “não sei”. E ele me disse que se rolasse um segundo “não” ela ia embora. E ok, gente. Mas veja bem, a mulher dispensar o cara uma vez, ele ir atrás no trabalho dela, ela dispensá-lo de novo, e ele ainda assim agarrá-la, não é legal. Nunca, jamais, em tempo algum. Porque o que fica claro é que a palavra dela não é importante. Ele decidiu que ela precisa de homem. E é exatamente essa a lógica do estuprador. Ou do homem que “insiste” com a ex para voltar e passa a persegui-la no trabalho, na faculdade, na porta da casa da mãe. Ele ignora a opinião dela. Toda mulher quer ter um homem atrás dela – então porque não ele?<br /><br />Eu sei, as pessoas dizem que isso não é importante. Que enquanto estou falando de novela tem gente morrendo por aí. Mas acho que cenas assim são emblemáticas de quanto o nosso discurso é menosprezado. Nosso “não” não é levado a sério, já que somos incapazes de dizer com clareza quando estamos afim de sexo de verdade. O sexo é algo que o homem extrai à nossa revelia, uma concessão, boas moças não dizem com todas as letras que querem transar. Cabe aos homens baterem com o tacape na cabeça e arrastá-las pra caverna. Se ele for bonitão, filhota, tirou a sorte grande. Reclama não, você tava mesmo precisada.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-69889147577075585782011-11-20T21:53:00.002-02:002011-11-20T21:56:52.392-02:00Da (in)visibilidadeSou graduada por uma universidade pública em um curso não necessariamente elitista (porque voltado para a formação de professores) e noturno. Ainda assim, tive pouquíssimos colegas negros. Em meu primeiro dia aula na pós-graduação, em um curso lato sensu numa universidade privada, me chamou a atenção ter cerca 5 ou 6 alunos negros numa turma de 35 pessoas. Estava sendo exposta a uma diversidade que nunca havia encontrado nem na escola nem em nenhum ambiente de trabalho. E achei bem bacana. <br /><br />Mas foi uma sensação que durou pouco tempo. Nada de errado com a pós, tudo de errado com todo o resto. Se ter 20% de colegas negros na turma era um fato excepcional o suficiente para me chamar a atenção, estava ali, na minha frente, a prova da segregação social. Não que eu não soubesse disso. Não que eu não estranhasse essa ausência. Mas a gente tende a normatizar a barbárie como parte da civilização.<br /><br />Quem tem o mínimo de boa vontade pode até reconhecer que esta é uma sociedade racista, que os negros estão excluídos, que nas classes privilegiadas são minoria da minoria da minoria. Mas, ao mesmo tempo, a homogeneidade pode passar pouco notada quando a gente se acostuma a ela como regra. A gente não estranha mais. Daí a minha profunda tristeza é assumir que classifiquei positivamente uma situação que na verdade era só menos injusta. E eu acho o Dia da Consciência Negra importante por isso, pra gente não se esquecer de que há um problema sério, e esse problema não é dos negros. É um problema da nossa sociedade, cruel, doente, que naturaliza a segregação.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-62823172533931471652011-11-09T22:28:00.004-02:002011-11-10T21:45:07.131-02:00PreguiçaNão só de atualizar o blog – preguiça de gente. Não de todas, mas daquelas que vem com as ideiazinhas e com os preconceitos bem prontinhos e não estão afim de debater nada. Gente que acredita no roteirinho da Veja e do Jornal Nacional todinho, sem tirar nem pôr. Gente que acredita que - empresto a ideia de algum post que li nos últimos dias - o mundo é feito em programação binária, 1 e 0. Nada no meio. Nenhuma possibilidade intermediária.<br /><br />Tem uma propaganda da Coca-Cola que me irrita um tanto. Já tinha pensado em fazer um post sobre ela e tal e não fiz, mas agora cabe evocá-la. A história de “os bons são maioria”. Ela diz que para cada x corruptos há xxxx doadores de sangue – veja você, os bons são maioria. Não, nunca, jamais, em tempo algum, um corrupto doou sangue. E nenhum doador de sangue subornou o guarda na blitz da lei seca. <br /><br />Que discurso publicitário seja simplista assim até entendo. Mas que as pessoas comprem isso e levem pra vida, não dá. Então, é ridículo demais gente falando em “fica fumando maconha enquanto deveria estudar”, porque essas coisas não são excludentes. É perfeitamente possível ser consumidor eventual de maconha e ser um estudante dedicado, tanto quanto é possível ser um excelente pai de família tomando seu whisky depois do trabalho ou uma excelente mãe de família que toma rivotril pra dormir (ou ser uma pessoa excelente que não tem família, mas deixa quieto). Porque ninguém é uma coisa só nessa vida. <br /><br />E este é só um dos temas irritantes. Tem outros tantos. Como a crítica raivosa ao auxilio reclusão pra família de detento, que é exclusivo, vejam vocês, de quem foi preso e tinha carteira de trabalho assinada (ou contribuía pro INSS como autônomo). Porque a dicotomia bandido x trabalhador também é falsa. Mesmo pessoas que acordam cedinho pra trabalhar cometem crimes. Aliás, grandes criminosos costumam ser ocupadíssimos. Isso pra nem entrar no mérito de quanta gente é presa injustamente. Enfim, milhões de possibilidades para se estar preso, milhões de combinações entre caráter x trabalho x crime. Tem pais dedicados, filhos atenciosos, que enchem a cara e atropelam e matam alguém. Tem mães dedicadas que abortam justamente para serem dedicadas só com os filhos que já tem. Tem médico que salva vidas todo dia, mas desvia dinheiro público. E todo esse pessoal pode não ser preso, mas o ladrão de galinha ser condenado. Então, só posso ter preguiça de gente que repete que bandido bom é bandido morto.<br /><br />Mas continuo. Porque eu votei na Dilma nas últimas eleições. E O HORROR, O HORROR. E PT O PARTIDO MAIS CORRUPTO DO BRASIL! E olhem só, tem gente corrupta no PT, apesar dos caras terem durante anos terem reivindicado pra si o monopólio da virtude. E não, votar no PT não significa que eu ache essa questão irrelevante. A questão é: ser corrompido não é privilégio deste ou daquele partido. Acontece com integrantes de todos os partidos que estiveram no poder - com todos os partidos mas não com todos os integrantes, claro. Inclusive com o partido do seu candidato. Porque a corrupção é sistêmica, ela é mais grave do que isolar esse ou aquele safado/ladrão/bandido/_____ (preencha aqui o adjetivo negatico de sua preferência). E pouquíssimas vezes nessa discussão se menciona que, para que haja corrupto, tem que haver corruptor. E que se você já subornou guarda, inventou recibo falso pra ter desconto no imposto de renda ou tem carteirinha de estudante falsa pra ter meia entrada, você não tem lá muita moral pra botar dedo na cara de corrupto. Então repito, não endosso corrupção. E quando voto no PT (nem sempre) não significa que eu seja petista (o que não acho demérito, mas não é o caso) ou endosse tudo o que fazem. Significa só que, entre os projetos disponíveis, achei aquele o melhor (ou menos pior, mais provável). E sim, por vezes passo tanta raiva quanto você que não votou neles (principalmente quando <a href="http://blogdosakamoto.uol.com.br/2011/11/08/o-que-os-indios-preferem-terras-ou-ingressos-para-copa/">Aldo Rebelo é promovido a ministro</a>). Mas considerando que você sabe que política não é uma ciência exata, que nela as coisas são muito dinâmicas, que alianças são feitas e desfeitas, partidos criados, e que opositores hoje podem dar as mãos amanhã (você sabe de tudo isso, né? ah bom), pare de repetir que quem vota no PT é ignorante ou compactua com a corrupção. Fazer isso é desconsiderar a possibilidade perfeitamente possível de outra pessoa ser honesta, inteligente, mas ainda assim ter uma visão de mundo diferente da sua. E sabe como é, intolerância não traz nada de bom para o mundo.<br /><br />Mas todo esse discurso não significa que eu relativize tudo. Não significa que eu não tenha meus valores inquestionáveis. Mas eles podem não ser os seus, e a gente conseguir conviver bem apesar disso, sempre e quando eles não se chocarem - e, eventualmente, até quando eles se choquem. E podem ser até que nossos valores sejam os mesmos, mas que as soluções encontradas para conciliá-los com um mundo imperfeito não sejam as mesmas. Várias possibilidades aí. Mas a boa convivência só vai ser possível se a gente tentar ouvir o que o outro tem a dizer antes de colar na testa o rótulo de “maconheiro”, “vagabundo”, “ignorante”, “vadia”. Então, pensa um pouquinho antes de ficar reproduzindo preconceitos por aí, tá? Por favor.<br /><br />UPDATE: O diacho da propaganda da Coca me irrita tanto que eu já tinha falado dela. Aqui: http://foifeitopraisso.blogspot.com/2011/06/da-necessidade-de-ter-opiniao-pra-tudo.htmlIarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com8tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-63124782243915556342011-10-27T21:47:00.003-02:002011-10-27T22:12:53.991-02:00ContinuandoDaí fiz um post no Blogueiras Feministas que tinha tudo pra ser só tapa buraco (e na verdade era, tava substituindo outra autora na última hora). Mas houve uma polêmica com um comentarista. E surgiu a Mary W pra ajudar. Ajudou muito. Não vou repetir aqui, <a href="http://blogueirasfeministas.com/2011/10/os-modelos-do-feminino/">vai lá</a>.<br /><br />Resumidamente, o Vinícius acha que se estou aderindo a construção social de feminismo, estou aderindo à hierarquização, logo não posso me autodeclarar feminista. E tive muita dificuldade de entender do que ele estava falando, porque ressignifico o feminino. Não acho que tenha que me oprimir. Eu brigo com olhar normativo, não com o feminino. E ele diz que não é feminismo, então. E eu acho que pode ser sim, qual é o problema? Por que essa é a régua do feminismo? Então a <a href="http://maryw.posterous.com/">Mary W</a> já tinha colocado essa preocupação dela, de colocar tudo e qualquer coisa sob o guarda-chuva do feminismo. E eu concordo. Tentei dizer isso mais ou menos <a href="http://foifeitopraisso.blogspot.com/2011/08/dos-mitos-e-dos-esclarecimentos.html">neste post,</a> que não dá pra dizer “tô feliz assim” e seguir a vida quando a gente se posiciona politicamente. Mas lentamente a ficha tá caindo mais e mais.<br /><br />Porque o que ocorre é que a gente tende a pensar individualmente. E individualmente, sou muito bem resolvida com a dita “ditadura da beleza”. Vejam bem, sou uma pessoa que sai de casa maquiada, mas não tem escova de cabelo. Não, não é que eu não tenho secador, chapinha, etc. Não penteio o cabelo. Tô geral descabelada em todas as fotos. E tenho um trabalho careta e tal. Então nem me sinto obrigada a me maquiar também, faço porque gosto e quando quero. Individualmente, escolho quais as coisas desse pacote mulherzinha topo ou não topo com muita tranquilidade. Mas veja bem, quando vou à manicure e me apresento por aí com as unhas pintadas tô reforçando o discurso de que isso é o que se espera de uma mulher apresentável. E sobre isso, não tenho controle mesmo. Não posso garantir como essas unha feitas vão ser apreendidas. E se me identifico politicamente como feminista, pode ficar entendido que “olha, até feminista faz a unha, viu?”.<br /><br />Já tinha entendido a questão do posicionamento político, também com atraso, quando houve uma discussão polêmica na lista em relação ao serviço doméstico. Porque no final das contas, não interessa o quanto eu pague - e se posso pagar muito bem, é porque existe uma diferença social impactante que me permite dispor dessa quantia, mas nem vou entrar nesse ponto. O que interessa é que quando contrato uma mulher pra fazer o serviço da minha casa estou reforçando dois discursos: 1) de que isso é tarefa que cabe às mulheres, 2) que é perfeitamente aceitável que haja uma classe social que não faça seu próprio serviço doméstico, e outra que faça pelas duas. Porque eu não vivo num país em que os estudantes fazem faxina pra se manter, mas num país onde quem faz faxina em geral não teve oportunidade de estudar. Então, individualmente, dentro da minha casa, as relações podem nem ser escravistas. Podem ser muito humanas e respeitosas. Mas tô eu aí colaborando pra construção de uma noção de status que passa por ter alguém limpando sua casa.<br /><br />Então, essa é uma preocupação importante. Porque não dá pra aceitar toda e qualquer divergência como válida, ainda que haja sim diversidade num movimento. E como estabelecer os parâmetros mínimos? E, o mais complicado, como fazer isso sem virar polícia ideológica? Porque a gente brinca com isso da “polícia feminista”. Posicionar-se politicamente implica em ter suas posições e escolhas (pessoais, inclusive) cobradas (em público, inclusive). Daí o comentarista lá no BF tem um blog e eu entrei. E num dos posts ele tá<a href="http://cabanadeinverno.wordpress.com/2011/10/19/feministas-leila-lopes-e-ser-levado-a-serio-na-democracia/"> desautorizando o discurso de uma mulher que se dizia anticapitalista e feminista</a>, mas estava com a unha pintada de rosa. E acho equivocado demais. Porque se por um lado a gente não pode aceitar tudo, por outro acho que há um prejuízo muito maior em sair desautorizando geral. E não vejo que ganho enorme é esse que a gente tem desqualificando por questões menores. Acho bem autoritário, e desconsidera possibilidades libertárias de ressignificação. <br /><br />Sobre ressignificação e suas possibilidades, me lembrei de um caso clássico: a monogamia. Que é invenção patriarcal imposta às mulheres e hoje, em círculos menos machistas, a gente consegue dar outra cara pra ela. Não é uma questão de ingenuidade, de achar que todo mundo cumpre o contrato, mas de maneira geral a gente entende que o contrato é para ambos. Ou somos monogâmicos como casal, os dois, ou não somos. Vai ter gente dizendo que não, não há essa possibilidade, todo e qualquer relação monogâmica envolve posse e é intrinsecamente machista, e só há igualdade de gêneros possível no relacionamento aberto. E apontar hipocrisia etc, etc. Claro, não é consenso. Mas acho mesmo que mudou a cara, que já não se naturaliza o privilégio masculino com a mesma força de 40 anos atrás.<br /><br />Então, fica uma porção de dúvidas. Porque claro que não dá pra aceitar tudo, ressignificar tudo, até porque não há avanço sem choque. Mas onde começa a crítica pela coerência e onde começa a patrulha pessoal contraproducente? Quais são as divergências administráveis e quais as irreconciliáveis?Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com13tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-53462747654243849352011-09-28T00:01:00.002-03:002011-09-28T00:01:00.340-03:00CrônicaMaria e Ana são amigas. Ana namorava um carinha que era amigo de José. Daí José e Maria se conheceram num barzinho, aquele papo de colocar os amigos juntos e tal. José e Maria se curtiram, mas não se apaixonaram perdidamente. Rolou tesão e eles transaram. Não importa muito saber se esqueceram a camisinha ou se a camisinha estourou. Fato é que algumas semanas depois Maria descobriu que estava grávida.<br /><br />Maria é católica praticante. E está desempregada. Mora com os pais conservadores. Mas como a imensa maioria das mulheres saudáveis, não importando a religião e a situação econômica e o estado civil, Maria tem tesão, ué. Antes de religiosa, desempregada, o que for, Maria é humana, como eu e você.<br /><br />Maria sofre muito com a descoberta da gravidez. Sofre de culpa e de desespero. Contra a orientação de sua Igreja, resolve interromper a gestação. Mas Ana, sua amiga, não se conforma que José não seja minimamente implicado na história. Pega o telefone e liga pro moço. Diz que precisa conversar pessoalmente, mas ele enrola pra encontrá-la. Resolve então contar por telefone mesmo: Maria está grávida. Ele responde que “não quer casar com ela.” Ana pergunta: “que ano é hoje, Brasil?”. Não, José. Ninguém quer que você se case. Pra sua “sorte”, Maria provavelmente não levará a gravidez adiante. Mas você tem ser adulto e conversar com ela, porque o problema é dos dois. E ele responde que só vai se Ana estiver junto. Ela se irrita, diz que ele não precisou da ajuda dela pra gozar e bate o telefone na cara dele. José é um cara de 35 anos, e bem empregado, diga-se de passagem.<br /><br />Maria tem a boa sorte de conhecer um médico de confiança que interrompe sua gestação com segurança sem lhe cobrar os olhos da cara. A gestação é interrompida, mas a culpa não. Ela sabe que, pra Igreja Católica, o que ela fez é digno de excomunhão. Ana é espírita. Quer aliviar o sofrimento da amiga, mas sabe que em sua religião vão dizer que este será um carma que ela vai carregar para o resto da vida. Daí elas conhecem uma moça que frequenta a Igreja Universal do Reino de Deus. Torcem o nariz no início, mas o sofrimento na alma de Maria é grande, e ela sente que não tem mais nada a perder. Lá ela conta sua história ao pastor, que a acolhe. Diz a ela que o que ela fez é pecado, mas Deus entende que ela agiu segundo o desespero, porque humanos e pecadores somos todos. Que Jesus diria “vá, e não peque mais”. A vida continua irmã, Jesus não quer que você sofra assim porque ele te ama mesmo em seus pecados. E Maria finalmente volta a sorrir, aliviada.<br /><br />A história acima é real, só os nomes foram trocados. Sei que José não foi capaz de dar um abraço e oferecer ajuda (inclusive financeira, porque não) a Maria, como se essa gravidez indesejada fosse só dela. Sei que Ana e Maria não tem nada de feministas super libertárias, são mulheres bem conservadoras, que não concordam com a maior parte das minhas opiniões. E <a href="http://bispomacedo.com.br/2010/11/22/o-que-e-matar/">sei que o discurso da Igreja Universal tem sido nessa linha</a>, não de aprovação do aborto, mas de acolhida às mulheres. Dexiando claro aqui meu ateísmo e nenhuma simpatia pela Universal, mas fico sinceramente aliviada de saber que existe algum lugar que acolha uma mulher cristã nessa situação tão triste. <br /><br />Este post é parte da <a href="http://blogueirasfeministas.com/2011/09/chamada-blogagem-aborto/">Blogagem Coletiva</a> do Dia Latinoamericano e Caribenho pela Descriminalização e Legalização do Aborto.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-62314057946277337912011-09-11T10:14:00.002-03:002011-09-11T10:35:44.566-03:00Auto censuraDaí acordei domingo sozinha em casa, entendiada, e resolvi entrar no Facebook. Por isso, talvez este blog passe a ler lido por mais pessoas que me conhecem na "vida real". Talvez não. Na dúvida, como tenho contas a pagar e máscaras sociais a portar, alguns posts e seus comentários foram deletados. Não me julguem. -(ou julguem, tô cagando)-.<br /><br />Se você é alguém que me conhece de fora, chegou aqui pelo Facebook e leu alguma coisa no arquivo que te incomodou, só lhe resta imaginar o que estava escrito nos posts que eu deletei. Mas eu dou uma pista: sempre falei mal de gente conhecida aqui. SEMPRE. Como diria a finada, "you know I'm no good".Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-1925257035944335322011-08-02T21:22:00.003-03:002011-08-02T22:15:24.243-03:00Dos mitos e dos esclarecimentosOi gente. Tô viva. O blog tá vivo também, embora hiberne de tempos em tempos. =)<br /><br />O povo lá do Blogueiras Feministas chamou uma postagem pra desmistificar o feminismo, como uma campanha de esclarecimento mesmo, e eu achei que valia a pena dar uma passadinha por aqui. Muita gente boa já escreveu pra blogagem, corre o risco de eu ser repetitiva, mas beleza. O importante é que, pra desfazer mal entendidos, eu escolhi dar a minha visão do feminismo. Que, tenho certeza, é compartilhada por outras pessoas, mas tá longe de ser única, justamente porque somos muitas e este é um movimento bem plural.<br /><br />Seguinte: feminismo não é dogma. Não é cartilha. É na verdade, além de um movimento social, uma filosofia, uma maneira de olhar o mundo. Por isso me dizia feminista antes mesmo de ter lido qualquer coisa específica sobre o tema, já que reconhecia a existência de uma desvantagem social em ser mulher. Muitas dessas desvantagens são construções culturais que costumam ser naturalizadas com um “mas as coisas são assim!”. Partindo do pressuposto que se “mas as coisas são assim” fosse um argumento válido, a humanidade não teria nem criado a roda, tem que ver isso aí. Digo que sou feminista porque tô afim de analisar e discutir a condição feminina na sociedade. O que não me obriga a concordar com tudo o que outra feminista diz. Tá cheio de feminista por aí com a qual concordo em muita coisa, mas discordo frontalmente em mais ainda. E é complicado, sabe, porque as pessoas tendem a olhar pra gente como coletivo e colocar todo mundo na mesma caixinha.<br /><br />Mas nem é esse o principal problema, na verdade. O complicado é preencher a frase “você é feminista, logo___” com um estereótipo qualquer. E sabe qual o problema dos estereótipos? Eles no geral, não são mentirosos, mas tendem a ser muito limitados. “Você é feminista, logo não usa maquiagem” pode ser muito válido. Há feministas que não usam maquiagem não só porque não querem, mas porque vêem a exigência social das mulheres usarem maquiagem como uma opressão. E concordo também que exigir isso das mulheres é uma exigência social bem sexista com nossa aparência. Mas uso porque gosto e quando quero, não porque me sinto obrigada. <br /><br />“Ah, mas então se eu gostar de tudo na minha vida, não tenho porque ser feminista, né?”. Não, não é por aí. É preciso sair do lugar comum. É preciso ao menos questionar suas escolhas, tentar entender o porque você gosta de algo, principalmente se sustentar este gosto te traz problemas. Nossos gostos não são inerentes, mas resultados de uma construção cultural, e não há nada de errado com isso. O problema é quando nossas escolhas nos oprimem, nos fazem sofrer, e a gente não se dá conta disso. Daí entra o feminismo. Não pra dizer que “feminista não usa batom”. Mas pra te alertar que se você perde minutos preciosos de sono toda manhã pra se maquiar porque se acha feia, talvez se maquiar não seja exatamente uma escolha. E que se você não tem dinheiro pra voltar de táxi e é obrigada a aceitar carona com aquele cara pegajoso porque sua grana foi gasta na cabeleireira e na manicure pra ir pra balada, talvez você esteja refém do papel social que está desempenhando.<br /><br />Então o problema não é se casar, ficar solteira, ter filhos, não ter filhos, se maquiar, se depilar, sair peluda de casa ou o que quer que seja, assim, isoladamente. A questão é questionar o porquê certas construções sociais resultam em desvantagem pra gente e buscar soluções pra isso. As feministas e seus estilos de vida serão diversas justamente porque lutamos por um mundo mais diverso, mais rico em experiências e possibilidades para todas as mulheres, incluindo aquelas que optam por caminhos mais conservadores.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-62176986526731197292011-06-27T22:37:00.004-03:002011-09-25T08:57:30.271-03:00Sobre criticar pessoas e criticar discursosLá vou eu. Pulando de cabeça na polêmica-mamilos sem bóia. Fui.<br /><br />Seguinte. Myriam Rios, ex-celebridade, ex-namorada do Roberto Carlos e atual deputada estadual pelo RJ, falou aquela tanto de besteira na assembléia legislativa de seu estado. Associou homossexualismo a pedofilia. Daí, neste contexto, uma porção de gente foi procurar as fotos sensuais que ela fez mileanos atrás (algumas de antes de eu nascer) para denunciar a sua hipocrisia e seu falso moralismo. Outros não perderam a viagem e resolveram chamá-la de puta. Bom, a <a href="http://mariafro.com.br/wordpress/">Conceição Oliveira</a> fez parte do primeiro grupo. E eu discuti o assunto com ela no twitter. Como o espaço limitado lá dificulta bastante debater o que quer que seja, resolvo trazer a discussão pra cá.<br /><br /><a href="http://mariafro.com.br/wordpress/2011/06/26/para-o-bem-da-mae-myrian-rios-ela-virou-deputada-e-nao-baba/">O post no Maria Frô</a> traz algumas fotos da Myriam Rios e se dirige “aos moralistas de plantão”. Termina com a pergunta: “Moralistas cristãos de plantão que aplaudiram as bobagens ditas por Myrian Rios, vocês a contratariam como babá?”. E quando uma leitora a indaga sobre o porque recuperar essas fotos, ela responde assim:<br /><br /><span style="font-style:italic;">“Quanto a mim, destaquei as fotos, porque considero que o discurso falso-moralista e detrator de Myriam Rios não orna com a sua prática. Para os moralistas de plantão, 'boas mães cristãs de família' não posam nuas em revistas masculinas, ou posam?”</span><br /><br />Sou da turma que pensa como a leitora Ana Paula Guedes, que se incomodou com o post. E meu argumento para a Conceição foi o de que não vejo porque seria incoerente posar nua 30 anos atrás e ser homofóbica hoje. Sobre essas fotos feitas 30 anos atrás podemos supor duas coisas: que ela se arrepende de tê-las feito ou que ela não vê problema algum nisso.<br /><br />Pois bem. Vamos ao primeiro. É hipócrita desfrutar de sua vida, celebridade, beleza e juventude e, ao cair no ostracismo, virar <a href="http://fiscaisdefiofo.tumblr.com/">fiscal de fiofó</a> alheio? Ô se é. Mas a gente não sabe se foi isso que aconteceu. Porque o post diz: “é uma opção real decidir ser fotografada nua e cobrar por isso”. Mas o que a gente sabe é que nem sempre nessas situações as mulheres tem todo esse poder de escolher. Que esse “escolher”, pode ser até a página dois. Uma atriz mediana pode muito bem ter tido problemas financeiros, ter feito isso sem curtir porque precisava muito do dinheiro pra pagar os remédios da mãe doente ou [insira aqui qualquer outra situação dramática em que grana faz muita diferença], e hoje ficar realmente mal aos se lembrar que teve que se submeter a isso. Quer dizer, pode ter se arrependido porque ela não tava ali desfrutando a liberdade do seu corpo que agora o seu discurso quer negar. Talvez ela nunca tenha sido livre, até porque dizem que ninguém consegue oferecer o que não tem. Ou talvez ela realmente tenha mudado muito nestes 30 anos e não se reconheça nessas fotografia. Se é assim, lembrá-la disso com certeza é um ataque a ela. Mas seria um ataque eficiente ao seu discurso?<br /><br />A Conceição no seu PS 2 se dirige a mim, explicando que para ela falsos moralistas para mim são aqueles que não seguem sequer o moralismo que pregam. E eu discordo aí, de novo, que a gente pode afirmar categoricamente que se trata de uma falsa moralista.<br /><br />Vamos considerar agora que ela não se arrependeu de nada. Que apesar destas fotos serem antigas, ela faria tudo outra vez. Que acha lindo e tal. Não vejo contradição. Mulher posando nua pra revista masculina é algo super heteronormativo. Não ameaça em nada o status quo. Aqueles leitores conservadores a quem o post se dirige podem até ser realmente gratos pelos filhos terem tido a chance de bater uma punheta olhando uma moça tão bonita e garantir sua virilidade. E talvez sequer achem que não serviria para ser babá. Se ninguém mais concordar comigo, “Amar verbo intransitivo” tá aí pra não parecer que eu tirei isso da minha cabeça.<br /><br />Enfim, não há nada de incoerente entre ter feitos aquelas fotos 30 anos atrás e ter este discurso hoje. O problema é ser homofóbico, ponto. Se a deputada tivesse saído direto do claustro das carmelitas descalças para tomar posse na Alerj, isso não tornaria seu discurso intolerante mais legítimo. Porque nada do que ela fez ou possa ter feito no passado conseguiria isso. E acho que quando a gente começa a discutir a pessoa, tira o foco do que realmente interessa neste caso. A Conceição em nenhum momento usou adjetivos machistas para qualificar Myrian Rios, mas hoje testemunhei gente buscando “material” para construir sua detratação misógina e o coleguinha de timeline dar o link do blog dela pra isso. Porque ela pode ter pensado crítica a uma mulher + foto sensuais = falsa moralista. Mas GERAL soma crítica a uma mulher + fotos sensuais = PUTA.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com21tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-31890613654625424552011-06-21T21:07:00.004-03:002011-06-21T23:26:57.028-03:00Da necessidade de ter opinião pra tudoEscrevo um post abordando coisas diferentes com um ponto de intersecção pequeno e corro o risco de ser mal interpretada. Conto com a generosidade de você aí que está lendo pra me dar o benefício da dúvida caso algo soe mal.<br /><br />Bom, começo com a propaganda da Coca-Cola, que me incomoda um tanto. Pra cada tantos corruptos existem tantos mil doadores de sangue. Os bons são maioria, etc. No mundo em que eu vivo, as coisas são mais complexas e como doar sangue é algo que se faz publicamente e ser corrupto é algo que se faz de maneira (geralmente) dissumulada, não dá pra afirmar categoricamente que quem faz um, não faz outro. Porque no meu mundo não tem nada que diga que um criminoso não seja capaz de uma generosidade. E acho que, no geral, cometer um crime, ou alguns deles, é só um aspecto da vida de uma pessoa. Não que eu não acredite que há serial killers psicopatas, pessoas que se dedicam a se dar bem em cima das outras como vilão de novela. Mas acho que, no geral, a maior parte das pessoas é capaz de coisas bacanas e de coisas mesquinhas. E algumas são capazes também de coisas horríveis. Meu critério para escolher com quem me relaciono é muito mais qualitativo (que coisas horríveis são essas) do que esse condicional bons x maus. Outro dia vi gente inteligente dizer no twitter que não existe gente mal caráter de esquerda. Que se for de esquerda “de verdade”, não é mau caráter. Sério, não posso com essas simplificações do mundo, gente.<br /><br />Disso eu passo para os comentários de portais na internet. Porque quando noticiam um crime qualquer, o povo que se dedica a comentar nesses lugares curte muito ter uma opinião formada, como se tivesse a investigação tivesse sido concluída e @ comentarista tivesse tido acesso a todo o processo. Daí, maniqueísmo abunda, né? E eu me assusto com a leviandade que a internet propicia. isso de poder registrar sua opinião publicamente mesmo não sendo qualificad@ para tal. Erro que a gente pode cometer facilmente se não tiver o mínimo de cuidado.<br /><br />Tento evitar ao máximo. Sou uma pessoa razoavelmente politizada, tenho um blog, gosto de dar opiniões, mas faço este esforço de não me manifestar assim, só pra marcar minha opinião. Porque tem coisas que eu não tenho condições de avaliar. Se blogueira X está brigando com blogueira Y e eu só sei do caso muito superficialmente, vou evitar ao máximo dar pitaco, pelo menos publicamente. Claro que eu sou humana, tenho minhas preferências e uma série de preconceitos. Mas tomo muito cuidado antes de fazer afirmações categóricas. Um exemplo bem concreto? Caso Battisti. Não sei o que pensar. Li um pouco a respeito, muito pouco pra me posicionar, pra saber qual é a do cara. E, olhem só, não acho que não ter opinião é um problema. Não tenho especial interesse em Relações Internacionais e isso não vai afetar a minha vida diretamente. Então, se alguém quiser me descadastrar do clube de pessoas pensantes por conta disso, não vou guardar mágoa.<br /><br />Mas daí vem o ponto <a href="http://www.youtube.com/watch?v=uJpUhN8WW80">polêmica-mamilos</a> deste post. Faço parte de um coletivo, as <a href="http://blogueirasfeministas.com/">Blogueiras Feministas</a>. Somos muito plurais e há bastante divergência interna. Tem gente lá que eu adoro, mas com quem não consigo concordar em (quase) nada. Até aí, tudo bem. Os posts no blog coletivo são assinados e quando não concordo com algo, posso ir na caixa de comentários discordar ou simplesmente deixar passar batido. Imagino que não é porque fulana do grupo pensa assim que geral vai concluir que eu, por ser do grupo, concordo também. Bom, e se concluir isso numa questão menos importante, beleza também. O fato é que eu não estou disponível pra entrar em todos os debates do mundo. E fico me perguntando até que ponto não estou sendo negligente quando eu não entro em todos os debates deste coletivo. Enfim. Vocês decidem.<br /><br />*Agora o alerta: isso não significa, em momento nenhum, que estou desqualificando os debates, nem as pessoas que tem opiniões em questões que não me despertam interesse. Menos ainda que quem tem opiniões firmes em questões que eu ignoro é, necessariamente, maniqueísta. Por favor, vocês entenderam, né?Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-54818311677482022072011-06-13T22:17:00.004-03:002011-06-13T22:50:39.033-03:00Mulheres e guitarrasNunca tinha ouvido falar da Kaki King. Daí a Babi Lopes falou dela na lista e chamou a galera pro show. Fez até uma <a href="http://blogueirasfeministas.com/2011/o-barulho-rosa-de-kaki-king/">entrevista</a> com ela.<br /><br />Bom, a companhia era ótima, o preço era bom, e depois de ver o vídeo no youtube, não foi difícil decidir:<br /><br /><iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/shYdqbJgQdc" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />Garanto pra vocês que ao vivo é ainda mais bacana. E o mais legal é que ela é absolutamente <span style="font-style:italic;">low profile</span>: minutos antes antes do se apresentar tava encolhida num sofá no Sesc Belemzinho lendo um livro pra passar o tempo. <br /><br />A Kaki King foi a primeira mulher nomeada pela revista Rolling Stone como uma "guittar god(ess)". Daí ela me fez lembrar um outra mulher, vinda de um contexto completamente diferente, mas que também se destacou neste ambiente ainda tão machista que é o dos guitarristas:<br /><br /><iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/RiU4Fg4Vbg0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br /><br />Imaginem quanta mulher talentosa tem por este mundo tocando pra caramba, mas tendo que trabalhar duas vezes mais do que os homens pra ser reconhecida? Chato, isso.Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-13652386935209386652011-05-28T06:41:00.004-03:002011-05-28T07:16:32.223-03:00Por políticas mais eficientes para a saúde da mulherHoje, dia 28 de maio, é dia de blogagem coletiva pró saúde da mulher. Hoje é sábado, são 6:42 da manhã, eu tô de ressaca, tenho aula na pós, mala pra fazer e ainda vou tentar aparecer na <a href="http://sobreoquenaoentendo.blogspot.com/2011/05/o-estado-de-sao-paulo-sob-excessao.html">Marcha pela Liberdade</a>. Mas senti que, pra mim, era importante sair da cama mais cedo pra falar sobre isso.<br /><br />Sim, nós feministas sabemos que homens e mulheres são diferentes biologicamente. Não precisamos de nenhum artigo pseudo científico pra reafirmar isso, porque , olhem só, vivemos um tsunami hormonal mensalmente. E isso acontece por conta da reprodução, que como eu já disse lá no <a href="http://blogueirasfeministas.com/2011/a-maternidade-como-trabalho-nao-pago/">meu post</a> do <a href="http://blogueirasfeministas.com/">Blogueiras Feministas</a>, é um trabalho social. E mesmo quem nunca se interessou por ter filhos, está sujeita a problemas de saúde relacionados ao sistema reprodutivo.<br /><br />Então, como não vou conseguir elaborar muito, deixo um link para um blog sobre endometriose. <a href="http://aendometrioseeeu.blogspot.com/">A jornalista Caroline Salazar tem um blog</a> em que expõe de maneira muito corajosa a sua batalha contra a doença, que a obrigou a se afastar do trabalho para o tratamento. Pra quem não sabe, a endometriose é uma doença crônica que leva o tecido do endométrio, o revestimento do útero, a crescer em lugares onde ele não deveria estar. Como um câncer, só que benigno. Mas o termo benigno pode levar à falsa impressão de que se trata de algo simples, quando na verdade é uma doença que pode provocar danos sérios à saúde física e emocional da mulher, porque provoca muita dor. Como há dificuldades para diagnosticá-la, a mulher pode passar anos sentindo dores lanscinantes sem saber que sofre de uma patologia. Porque tem mais essa, como é esperado que sintamos dor mesmo quando estamos saudáveis (poucas são as felizardas que nunca tiveram cólica menstrual), há profissionais de saúde que minimizam queixas de suas pacientes.<br /><br />Em 2007, uma amiga minha foi diagnósticada de endometriose. Acompanhei seu sofrimento. Primeiro, 2 meses sem mentruar e o pânico de estar grávida, situação desmentida após sucessivos exames de gravidez darem negativo. Depois, crises de dores agudas confundidas com apendicite. Não me lembro de ela chegou ser operada para apendicite. Dias e dias de afastamento do trabalho dada a violência das dores, mas algumas semanas após a cirurgia. Soma-se a isso o medo de não ser capaz de engravidar.<br /><br />Passados poucos meses da cirurgia, minha amiga participou de um processo de seleção para uma vaga de trabalho que oferecia, entre outros benefícios, morar do país legalmente, como ela também sonhava. Viu-se obrigada a omitir sua doença no exame médico, uma vez que isso poderia inviabilizar sua contratação mesmo estando em perfeitas condições de trabalho naquele momento. Há quem digo que isso é antiético. Pois eu digo que entre ter empatia por uma mulher com um problema de saúde tratável que precisa de trabalho e uma empresa gigantesca, não tenho dúvidas sobre quem escolho.<br /><br />Minha amiga está bem agora. Foi diagnosticada cedo e logo conseguiu tratamento. Tinha um bom plano de saúde e, o mais importante, acesso à informações sobre a doença. Não é o que acontece com a maioria das mulheres. E acho realmente que há pouca divulgação sobre essa doença tão séria. E é essa negligência em disseminar a informação que faz com que milhares de mulheres, todos os dias, sejam vistas por seus empregadores como preguiçosas quando tem que se afastar do trabalho. <br /><br />(ces prometem que não prestam muita atenção aos erros? é q não vou ter tempo de revisar MESMO. agradecida)Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-44989963370371184312011-05-16T22:35:00.003-03:002011-05-16T22:42:14.787-03:00TalentosUns dias atrás jantei na casa de uma amiga. Quem preparou a refeição - um risoto de alho poró, pêra e queijo parmesão - fui eu. Daí que a terceira amiga presente disse que queria ter talento pra cozinhar. E eu respondi que ela estava enganada. O que eu tenho não é talento, é prática. Acho que a primeira vez que cozinhei tinha não mais que 15 anos. Hoje tenho 31, faça as contas. E ainda assim tudo o que eu faço é extremamente simples. A grande sacada do risoto é essa inclusive: prato único, fácil de fazer e com pinta de elegante. Perfeito pra quem gosta de comer bem mas não necessariamente quer ter trabalho. Então eu não sou uma cozinheira talentosa, até porque nem me aplico o suficiente. Mas sou uma pessoa capaz de fazer algumas coisas bem gostosas, e disso eu mesma tenho certeza.<br />Continuei dizendo pra minha amiga que esse discurso do talento é muito complicado em uma série de outras áreas, porque desperta o lado mais repressor do nosso super-ego. Se a gente se convence que não presta pra fazer algo, nem tenta. Trava mesmo. Por isso que é tão difícil pra algumas pessoas, depois de adultas, aprenderem um idiomas estrangeiro, por exemplo. Claro, tem lances aí cognitivos do sistemas fonético da língua materna já estar consolidado, etc, etc. Mas pra aprender a falar, tem que estar disposto a falar errado. E falar errado na frente dos outros. E parecer ridículo. Não há opção, sem esse desprendimento, não funciona. Há que escolher entre passar vergonha e aprender ou permanecer na ignorância.<br />E bom, talento. Não sei quais são os meus. E vivo nesse drama. Mas o fato é que não dava pra esperar tentar descobrir. Nunca deu. Tenho uma vida pra ganhar, aluguel pra pagar. Sabe aquele lance de vida é aquilo que acontece enquanto fazemos planos? Pois é. Nunca pensei que eu fosse usar este adjetivo pra me descrever, mas eu acabo me descobrindo uma pessoa simplória. Porque tento não sofrer muito. Vou lá e faço, sabendo ou não. Um pragmatismo meio tosco de quem já percebeu que às vezes a ação é melhor que a reflexão. O que não significa necessariamente agir por impulso, mas perder o medo de fazer cagada. Ah, sim, eu faço as minhas com frequência. E não, não sou a pessoa mais destemida do mundo: tenho fobia de dirigir, de andar de avião, de altura – só pra começar a citar. Mas tem isso de como eu não sei exatamente o que eu presto pra fazer, não tenho medo de aprender coisas novas (nem de passar ridículo durante o processo). Vai que naquele canto inóspito, naquela tarefa chata, descubro o meu talento, como quando a gente procura uma coisa e encontra outra?Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-757458139625967193.post-72021598903653115332011-05-05T09:51:00.001-03:002011-05-05T09:54:04.789-03:00Eu, por aíTem post meu no Blogueiras Feministas hoje. Apareçam por lá: http://blogueirasfeministas.com/2011/a-maternidade-como-trabalho-nao-pago/Iarahttp://www.blogger.com/profile/13420145431438628704noreply@blogger.com1